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As intervenções em saúde digital, orientadas ou assistidas por tecnologia, ajudam no controle da obesidade em crianças e adolescentes?

2 hours 34 minutes ago
Mensagens principais

• As intervenções digitais podem ter pequenos efeitos benéficos de curto prazo na massa gorda, mas seus efeitos sobre outros desfechos ainda são incertos.

• Nenhum estudo relatou dados sobre a segurança das intervenções.

• Estudos futuros devem relatar seus resultados separados por idade, gênero, raça/etnia; apresentar dados completos; incluir dados de eventos adversos e outros desfechos; controlar para dieta e atividade física em suas análises; e explicar qual teoria de comportamento foi usada para orientar as intervenções.

Por que a obesidade na infância é um problema?

A obesidade na infância é um problema de saúde pública no mundo todo. Ela aumenta o risco de doenças crônicas, como diabetes e doenças do coração. Em 2016, mais de 340 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos estavam com sobrepeso ou obesidade em todo o mundo.

O que são tecnologias digitais e como elas são usadas no manejo da perda de peso?

Pesquisadores estão explorando novas formas de manejar a obesidade em crianças e adolescentes utilizando tecnologias digitais. Essas tecnologias incluem: dispositivos vestíveis, intervenções baseadas na web, mensagens de texto, aplicativos para celulares ou tablet, "exergaming" e videogames ativos, e teleatendimento (ver ou falar com seu médico de casa, usando seu celular, computador ou tablet). As vantagens dessas tecnologias podem incluir:

• estar disponível a todo momento, ajudando amanter hábitos saudáveis por mais tempo;
• reduzir custos de tratamento;
• facilitar o acesso aos cuidados de saúde, alcançando mais pessoas, inclusive aquelas que vivem longe dos serviços médicos.

O que queríamos descobrir?

Queríamos saber se o uso de tecnologias digitais ajuda crianças e adolescentes a perder peso, e se essas ferramentas são seguras.

O que fizemos?

Buscamos estudos que analisaram o uso de tecnologias digitais, como "wearables" (um dispositivo eletrônico pequeno e portátil que você usa no corpo para monitorar sua dieta, saúde e/ou atividade física), ferramentas baseadas na web, mensagens de texto, aplicativos móveis, exergaming ou teleatendimento, no manejo da obesidade em crianças e adolescentes com até 19 anos. Agrupamos os estudos em duas comparações:

• tecnologia digital mais cuidado usual versus o cuidado usual isolado;
• tecnologia digital isolado versus o cuidado usual isolado.

Comparamos e resumimos os resultados dos estudos e avaliamos a certeza da evidência, considerando o métodos utilizados e o tamanho das amostras.

O que encontramos?

Incluímos 15 estudos, com 911 crianças e adolescentes. Cinco estudos incluíram crianças de 0 a 19 anos. Dez estudos incluíram apenas participantes com idades entre 10 e 19 anos. Nove estudos duraram menos de seis meses (estudos de curta duração) e seis estudos duraram pelo menos seis meses (estudos de longa duração).

Oito estudos compararam o uso da tecnologia digital mais cuidado usual com cuidado usual isolado. O uso da tecnologia digital pode reduzir a gordura corporal em média 2,63% ao final do estudo. Esta é uma melhoria pequena, mas importante. O efeito sobre outros desfechos permanece incerto.

Sete estudos compararam uma intervenção digital isolada com o cuidado usual isolado. O efeito sobre os desfechos avaliados foram incertos.

Nenhum estudo relatou sobre a segurança desses tratamentos.

Quais são as limitações das evidências?

O significado clínico em longo prazo da redução da gordura corporal alcançada por meio de tecnologia digital combinada ao cuidado usual nessa população permanece incerto devido às evidências limitadas disponíveis. Além disso, não há dados sobre a segurança dessas tecnologias digitais, e as informações existentes não são suficientes para saber se diferentes faixas etárias apresentaram desfechos diferentes.

Até quando as evidências incluídas estão atualizadas?

As evidências estão atualizadas até 14 de abril de 2025.

Palacios C, Hernandez J, Ajmal A, Rodriguez AJ, Hassan AY, Metzendorf M-I, Ramella-Roman JC.

Quais são os efeitos das intervenções psicossociais combinadas e dos medicamentos para ajudar pessoas que consomem uma quantidade excessiva de álcool?

2 hours 34 minutes ago
Mensagens principais

• Em comparação com intervenções psicossociais isoladas, adicionar medicamentos é provavelmente seguro e útil para pessoas com transtorno por uso de álcool (TUA) na redução do consumo de álcool.

• Devido ao número limitado de estudos disponíveis, não sabemos se as intervenções psicossociais e farmacológicas combinadas, quando comparadas a medicamentos isolados ou a nenhuma intervenção ou tratamento usual, são úteis para pessoas com TUA.

• Mais estudos são necessários para analisar os efeitos de intervenções combinadas em comparação com medicamentos isolados ou nenhum tratamento ou cuidado usual.

O que é transtorno por uso de álcool (TUA)?

O TUA é um transtorno mental em que há incapacidade de controlar o consumo de álcool e episódios frequentes de uso descontrolado de álcool, relacionados a um risco aumentado de acidentes de carro, morte prematura e doenças como câncer, cirrose hepática e distúrbios neurológicos.

Como o TUA é tratado?

Intervenções psicossociais e medicamentos são usados para ajudar pessoas com TUA a reduzir o consumo de álcool. As intervenções psicossociais comumente usadas no tratamento de pessoas com TUA são:

• intervenções cognitivo-comportamentais (destinadas a ajudar as pessoas a reconhecer e modificar seus pensamentos e crenças negativas e comportamentos indesejados, por meio de tarefas comportamentais e habilidades para lidar com o desejo de consumir álcool);
• intervenções de manejo de contingências (destinadas a recompensar pessoas que reduzem o consumo de álcool por meio de dinheiro, vales ou prêmios);
• entrevista motivacional (destinada a aumentar a motivação para reduzir o consumo de álcool);
• facilitação de doze passos (intervenções que adaptaram os métodos dos Alcoólicos Anônimos e incentivaram a participação dos Alcoólicos Anônimos).

Dos medicamentos disponíveis, os seguintes foram aprovados pelas principais agências reguladoras:

• acamprosato (recomendado para manter a abstinência);
• dissulfiram (recomendado para manter a abstinência);
• naltrexona (recomendada para atingir e manter a abstinência e reduzir o consumo de álcool).

O que queríamos descobrir?

Queríamos descobrir se a combinação de medicamentos e intervenções psicossociais é mais eficaz do que apenas intervenções psicossociais, apenas medicamentos ou cuidados habituais (educação ou informação sobre o uso de álcool) para ajudar pessoas com TUA a reduzir ou parar de usar álcool.

O que fizemos?

Buscamos estudos nos quais as pessoas foram designadas aleatoriamente a um de dois ou mais grupos de tratamento que comparavam a combinação (medicamentos mais intervenções psicossociais) com intervenção psicossocial isolada, medicamento isolado ou tratamento usual. Resumimos e comparamos os resultados dos estudos, avaliando a certeza das evidências com base em fatores como os métodos utilizados e o tamanho das amostras.

O que encontramos?

Encontramos 21 estudos com 4.746 pessoas com TUA que foram tratadas ambulatorialmente por aproximadamente 4 meses.

Os participantes eram, em sua maioria, homens, com idade aproximada de 44 anos, que relataram beber aproximadamente 12 doses por dia de consumo, correspondendo a aproximadamente 70% dos dias de consumo. Os estudos foram conduzidos nos EUA, Europa e Canadá. A maioria dos estudos recebeu financiamento público.

Encontramos 20 estudos (4.498 participantes) comparando intervenções farmacológicas e psicossociais combinadas com uma intervenção psicossocial isolada. Encontramos apenas um número limitado de estudos e participantes que compararam o tratamento combinado apenas com a medicação (3 estudos; 1.871 participantes) ou com o tratamento usual (2 estudos; 1.623 participantes). Na maioria dos casos, o tratamento combinado consistiu em terapia cognitivo-comportamental como intervenção psicossocial e naltrexona como medicamento.

Comparado apenas às intervenções psicossociais, o tratamento combinado provavelmente reduz o número de pessoas que relatam consumo excessivo de álcool e pode aumentar o número de pessoas que mantêm abstinência contínua. O tratamento combinado provavelmente tem pouco ou nenhum efeito na taxa de dias de abstinência, no risco de efeitos indesejados graves (por exemplo, morte ou eventos que exigem hospitalização) e no número de pessoas que não concluem o tratamento. Pode ter pouco ou nenhum efeito na taxa de dias em que as pessoas consomem grandes quantidades de álcool, no número de doses por dia de consumo de álcool e no risco de efeitos indesejados.

Não temos certeza se o tratamento combinado, quando comparado apenas aos medicamentos, reduz o número de doses por dia. Pode ter pouco ou nenhum efeito na taxa de dias de abstinência e no número de pessoas que não concluem o tratamento por qualquer motivo. Não temos certeza sobre o efeito no número de pessoas que mantêm abstinência contínua, aquelas que consomem grandes quantidades de álcool e aquelas que não concluem o tratamento devido a efeitos indesejados.

Não temos certeza sobre o efeito do tratamento combinado, quando comparado ao tratamento usual, no número de pessoas que consomem grandes quantidades de álcool, que não concluem o tratamento e na taxa de dias de abstinência.

Limitações das evidências

Nossos resultados podem não se aplicar aos vários tipos de pessoas com TUA, a todas as intervenções psicossociais e farmacológicas e países, uma vez que os estudos não analisaram todos os tratamentos disponíveis para TUA e foram realizados principalmente nos EUA e na Europa.

Até que ponto estas evidências estão atualizadas?

As evidências estão atualizadas até novembro de 2023.

Minozzi S, La Rosa GR, Salis F, Camposeragna A, Saulle R, Leggio L, Agabio R

Os antibióticos administrados durante o trabalho de parto previnem infecções em mães e bebês?

5 days 4 hours ago
Mensagens principais
  • Administrar antibióticos a mulheres em trabalho de parto (cujas gestações duraram pelo menos 28 semanas) provavelmente reduz o risco de desenvolver sepse, uma condição potencialmente fatal que ocorre quando o corpo reage exageradamente a uma infecção.

  • A administração de antibióticos desta forma resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de bebês que desenvolvem sepse ou morrem, e provavelmente resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de mulheres que morrem.

  • A evidência sobre os efeitos adversos (ou seja, prejudiciais e indesejados) dos antibióticos preventivos é muito incerta, portanto, não sabemos se este tratamento contribui para o problema da resistência antimicrobiana – quando os antibióticos deixam de ser efetivos no combate a infecções bacterianas.

O que é profilaxia antibiótica e seus benefícios e riscos?

"Profilaxia antibiótica" significa administrar antibióticos para prevenir infecções antes que qualquer sinal apareça. Essa abordagem demonstrou algum benefício na redução de infecções em novas mães e recém-nascidos. No entanto, administrar antibióticos preventivos rotineiramente às mulheres durante o trabalho de parto é controverso devido a preocupações sobre o uso desnecessário de antibióticos e a resistência antimicrobiana.

O que queríamos descobrir?

Queríamos avaliar os efeitos da administração de antibióticos preventivos (ou seja, “profiláticos”) a mulheres durante o trabalho de parto, cujas gestações tinham pelo menos 28 semanas (ou seja, 28 semanas de gestação). Analisamos quantas mulheres e bebês tiveram infecções, particularmente sepse, e quantos morreram.

O que fizemos?

Pesquisamos ensaios que comparassem antibióticos profiláticos com placebo em mulheres grávidas em trabalho de parto após 28 semanas de gestação. Placebo é uma substância inativa que parece idêntica ao antibiótico, mas não tem efeito terapêutico. Isso permite aos pesquisadores medir o verdadeiro impacto da intervenção.

Os estudos incluíram mulheres que planejavam um parto vaginal, desde que não tivessem uma razão médica específica para receber antibióticos (como uma cesárea planejada ou uma infecção conhecida).

Comparamos e resumimos os resultados dos estudos, e avaliamos nossa confiança na evidência, com base em fatores como os métodos e os tamanhos dos estudos.

O que encontramos?

Identificamos quatro estudos envolvendo um total de 42.846 mulheres grávidas. Os estudos foram realizados em 10 países. Bangladesh, Burkina Faso, Camarões, a República Democrática do Congo, a Gâmbia, Guatemala, a Índia, o Quênia, a Zâmbia e o Paquistão, todos países de baixa e média renda.

Aproximadamente metade das mulheres recebeu antibiótico profilático (uma dose única por via oral) e metade recebeu um placebo.

Comparados ao placebo, os antibióticos profiláticos:

  • provavelmente reduz o número de mulheres que desenvolvem sepse;

  • provavelmente resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de mulheres que morrem;

  • resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de recém-nascidos que desenvolvem sepse ou morrem;

  • resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de mulheres que desenvolvem uma infecção da ferida perineal (uma infecção do tecido entre a vagina e o ânus);

  • resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de bebês internados na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN).

Apenas um estudo analisou a resistência antimicrobiana, e não temos confiança em sua evidência. O estudo relatou aumentos de curto prazo em bactérias resistentes a antibióticos encontradas em algumas amostras (por exemplo, leite materno, esfregaços nasais ou vaginais) de mulheres que receberam antibióticos em comparação com aquelas que receberam placebo, mas essas diferenças desapareceram em 13 meses. Em recém-nascidos, a resistência antimicrobiana foi rara.

Quais são as limitações das evidências?

A confiança na evidência foi moderada ou alta para os desfechos relacionados a infecções (incluindo sepse) e mortalidade em mulheres e bebês. Como observado acima, não temos confiança na evidência sobre resistência antimicrobiana Os padrões de resistência antimicrobiana e as práticas de uso de antibióticos variam muito, e os estudos se concentraram principalmente na azitromicina, um antibiótico de amplo espectro, sem avaliar outras opções. O impacto a longo prazo na resistência aos antibióticos permanece muito incerto e requer mais pesquisas.

Quão atual é essa evidência?

A evidência está atualizada até julho de 2024.

Suzuki D, Yamaji N, Nishimura E, Suzuki H, Ishikawa K, Rahman MO, Makama M, Vogel JP, Ota E

Quais abordagens ajudam na recuperação após uma fratura no tornozelo em adultos?

6 days 5 hours ago
Mensagens principais

- Colocar peso sobre um tornozelo quebrado (fraturado) nas três primeiras semanas após a cirurgia pode melhorar a recuperação. No entanto, essa melhora pode não ser suficiente para resultar em um benefício clinicamente importante.

- Usar um suporte de tornozelo removível (que permite esticar (alongar) e movimentar o tornozelo lesionado) nas primeiras seis semanas após a cirurgia pode favorecer a recuperação. Mas, novamente, pode não ser suficiente para resultar em um benefício clinicamente importante.

- Não há evidência suficientes para avaliar o quanto as intervenções de fisioterapia pode ajudar na recuperação após uma fratura no tornozelo.

Tornozelos quebrados (fraturas de tornozelo)

Um tornozelo quebrado é um dos tipos mais comuns de fratura. Em alguns casos, é necessário fazer uma cirurgia para corrigir o osso quebrado; em outros, basta manter o tornozelo imobilizado por algumas semanas para permitir a cicatrização. Geralmente, o osso leva cerca de seis semanas para se recuperar (consolidar), mas o retorno total as atividades normais pode demorar bem mais Durante esse período de recuperação, diferentes estratégias podem ser usadas para melhorar a movimentação do tornozelo, fortalecer os músculos ou ambos.

Quais abordagens são usadas na recuperação?

- Apoio precoce ou tardio de peso. Algumas pessoas são orientadas a começar a apoiar o peso no tornozelo até três semanas após a cirurgia. Outras precisam evitar totalmente colocar peso sobre o pé nas primeiras seis semanas ou mais.

- Suporte de tornozelo removível ou não removível. Um suporte removível, como uma bota ortopédica ou uma tala, permite retirar o apoio regularmente para alongar e movimentar o tornozelo. Já um gesso tradicional impede qualquer movimento até sua retirada.

- Intervenções de fisioterapia. Incluem diferentes tipos de exercícios para o tornozelo, muitas vezes orientados por um fisioterapeuta, e podem envolver o uso de equipamentos específicos para o fortalecimento e mobilidade.

O que queríamos descobrir?

Queríamos descobrir se alguma dessas abordagens era melhor que a outra para melhorar:

- A função do tornozelo (capacidade de se movimentar, realizar atividades e manejo da dor ou inchaço no tornozelo);

- qualidade de vida.

- satisfação com o tratamento (quão satisfeito alguém está com seu tratamento); e

- dor;

Também queríamos descobrir se alguma dessas abordagens estava associada a um risco maior de cirurgia adicional no tornozelo (em uma data posterior).

O que nós fizemos?

Buscamos estudos que avaliaram diferentes abordagens para melhorar a recuperação após uma fratura de tornozelo. Comparamos e resumimos os resultados dos estudos. Além disso, classificamos a certeza da evidência com base em fatores como o número de participantes e a qualidade dos métodos usados.

O que encontramos?

Encontramos 53 estudos envolvendo 4.489 adultos com tornozelo quebrado (fraturado). A maioria das pessoas incluídas nos estudos havia passado por cirurgia para ajudar a consertar o osso, enquanto outras usaram apenas suportes de tornozelo (sem cirurgia) nas primeiras semanas após a lesão.

Principais resultados

Apoio de peso precoce versus tardio. Apoiar o peso no tornozelo logo nas primeiras semanas após a cirurgia provavelmente melhora levemente a função do tornozelo (embora a diferença possa não ser o suficiente para ser clinicamente importante). Pode também haver uma leve melhora na qualidade de vida, embora, novamente, pode não ser clinicamente importante. Não foi possível saber se houve diferença entre os grupos em relação à satisfação com o tratamento ou à dor. Também parece haver pouca ou nenhuma diferença na quantidade de pessoas que precisaram de uma nova cirurgia.

Suporte de tornozelo removível versus não removível (como gesso).

- Para quem fez cirurgia, o suporte removível pode melhorar a função do tornozelo e a qualidade de vida, embora para ambos os casos, a diferença possa não ser clinicamente importante. Não conseguimos determinar se há diferença na dor entre os tipos de suporte. Além disso, pode haver pouca ou nenhuma diferença entre os suportes de tornozelo quanto à necessidade de nova cirurgia.

- Para quem não precisou de cirurgia, há pouca ou nenhuma diferença entre os tipos de suporte de tornozelo quanto à função do tornozelo ou à qualidade de vida. Também não é incerto se há diferença em relação à dor ou à necessidade de cirurgia mais tarde.

Nenhum dos estudos comparando esses suportes relatou o grau de satisfação dos participantes com o tratamento.

- Intervenções de fisioterapia. Os estudos avaliaram os efeitos de diferentes intervenções de fisioterapia (como diferentes programas de exercícios ou o uso de diferentes equipamentos para exercitar o tornozelo), e por isso, não foi possível comparar os resultados de forma confiável. A maioria dos estudos era pequena e não mostrou claramente se alguma abordagem era melhor que outra. Nenhum deles relatou quantas pessoas precisaram de cirurgia posteriormente.

Quais são as limitações das evidências?

Nem sempre foi possível ter confiança nas evidências, porque os participantes sabiam qual tratamento estavam recebendo. Algumas descobertas indicaram que pode ter havido pouca ou nenhuma diferença entre os grupos. Além disso, muitos estudos incluíram poucos participantes, e as intervenções eram muito diferentes umas das outras.

Até quando as evidências incluídas estão atualizadas?

As evidências estão atualizadas até março de 2023.

Lewis SR, Pritchard MW, Parker R, Searle HKC, Beckenkamp PR, Keene DJ, Bretherton C, Lin C-WC

Os programas oferecidos por organizações esportivas promovem comportamentos saudáveis e melhoram a saúde das pessoas?

6 days 5 hours ago
Mensagens principais

• Os programas de organizações esportivas provavelmente levam as pessoas a serem ligeiramente mais fisicamente ativas.

• Os programas de organizações esportivas podem fazer pouca ou nenhuma diferença na quantidade de tempo em que as pessoas ficam inativas (sedentárias). Eles podem aumentar a quantidade de frutas e vegetais que as pessoas comem.

• Não sabemos se os programas de organizações esportivas fazem alguma diferença no consumo de bebidas açucaradas, de bebidas alcoólicas ou o uso de tabaco, pois a evidência é muito incerta.

O que são comportamentos saudáveis e por que eles são importantes?

As doenças crônicas são a principal causa de morte e adoecimento no mundo. Essas doenças podem ser evitadas quando adotamos hábitos saudáveis, como ter uma boa alimentação e fazer atividade física regularmente As organizações esportivas são populares em muitos países. Por isso, podem ser um bom caminho para incentivar comportamentos saudáveis e melhorar a saúde das pessoas.

O que queríamos descobrir?

Queríamos saber se os programas conduzidos dentro de organizações esportivas são efetivos na promoção de comportamentos saudáveis e na melhoria da saúde das pessoas. Esses programas podiam ser voltados a atletas, membros não praticantes, treinadores, torcedores, estudantes, pais de jogadores e outras pessoas ligadas às organizações esportivas.

O que nós fizemos?

Procuramos estudos que compararam grupos de pessoas que participaram de programas voltados a comportamentos saudáveis com grupos que não participaram desses programas (grupos de controle). Os estudos elegíveis precisavam testar um programa que visasse promover um comportamento saudável (como atividade física ou alimentação saudável), reduzir um comportamento não saudável (como o consumo de álcool ou tabagismo), ou melhorar desfechos como peso, pressão arterial ou conhecimento das pessoas relacionado à saúde.

O que nós encontramos?

Encontramos 20 estudos, envolvendo um total de 8179 pessoas. A maioria dos estudos foi direcionado a membros ou torcedores adultos de organizações esportivas e foram conduzidos em clubes de futebol (por exemplo, futebol, futebol americano, liga australiana de futebol). Quatorze estudos avaliaram programas direcionados a um ou mais comportamentos saudáveis ou não saudáveis. Todos os 20 estudos foram conduzidos em países de alta renda. Mais da metade dos estudos (11 estudos) incluiu apenas homens, e um estudo incluiu apenas mulheres.

Principais resultados

Em comparação com as pessoas que não participaram dos programas, aquelas envolvidas em programas de organizações esportivas:

• provavelmente aumentaram sua atividade física em 7,4 minutos por dia;
• podem não ter reduzido a quantidade de tempo em que permaneceram inativos (sedentários);
• podem ter comido mais frutas e vegetais.

No entanto, é incerto se os programas de organizações esportivas tiveram impacto no consumo de bebidas açucaradas, o consumo de álcool ou o uso de tabaco.

Também é incerto se os programas de clubes esportivos tiveram quaisquer consequências indesejadas e prejudiciais para as pessoas envolvidas. Poucos estudos avaliaram esse ponto, e os resultados foram diferentes entre eles.

Quais são as limitações das evidências?

Nossa confiança na evidência variou de moderada a muito baixa; novos estudos podem mudar nossos resultados. Quatro fatores principais reduziram nossa confiança. Primeiro, alguns estudos se concentraram em populações específicas, enquanto a pergunta que queríamos responder era mais ampla. Por exemplo, a maior parte da evidência para nossos desfechos principais (incluindo quaisquer mudanças na atividade física/inatividade e consumo de frutas, vegetais e bebidas açucaradas) vieram de estudos que envolveram homens com fatores de risco relacionados à saúde, como sobrepeso e obesidade, e torcedores de futebol do sexo masculino. Em segundo lugar, em alguns estudos, as pessoas estavam cientes de qual tratamento estavam recebendo, e outros estudos não relataram claramente se os participantes estavam cientes do tratamento que estavam recebendo. Terceiro, os resultados foram muito inconsistentes entre os estudos para alguns desfechos. Por fim, alguns tinham poucos participantes.

Até quando as evidências incluídas estão atualizadas?

As evidências estão atualizadas até maio de 2024.

Hodder RK, O'Brien KM, Al-Gobari M, Flatz A, Borchard A, Klerings I, Clinton-McHarg T, Kingsland M, von Elm E

O treinamento em primeiros socorros para leigos é efetivo?

6 days 5 hours ago
Mensagens principais
  • Ainda não sabemos se o treinamento em primeiros socorros para leigos (pessoas sem educação formal na área da saúde) melhora os desfechos de saúde das pessoas que recebem primeiros socorros, a qualidade dos primeiros socorros prestados, ou o comportamento de ajuda (isto é, a ação de prestar socorro a outra pessoa) dos leigos que prestam esses socorros.

  • O treinamento em primeiros socorros para leigos provavelmente aumenta, no curto prazo (até um mês após o treinamento), o conhecimento, as habilidades e a confiança das pessoas em sua própria capacidade de agir em uma emergência. No entanto, ainda não sabemos se esse tipo de treinamento aumenta a disposição para ajudar em situações reais.

  • Pesquisas futuras devem focar em aspectos importantes para os tomadores de decisão, como:

    • padronizar questionários e outras medidas para avaliar o conhecimento, as habilidades e as atitudes relacionadas a primeiros socorros;

    • investigar os efeitos de longo prazo do treinamento, incluindo os custos e possíveis efeitos indesejados; e

    • avaliar o impacto do treinamento em primeiros socorros em países de baixa e média-baixa renda.

O que é o treinamento em primeiros socorros?

Os primeiros socorros envolvem cuidados básicos prestados a uma pessoa doente ou ferida antes da chegada de ajuda profissional. O treinamento em primeiros socorros é uma atividade de aprendizado (por exemplo, curso ou programa) com objetivo de melhorar o conhecimento, as habilidades ou as atitudes sobre a prestação de primeiros socorros.

O que queríamos descobrir?

Queríamos descobrir se o treinamento em primeiros socorros para leigos é melhor do que outro tipo de treinamento, ou do que não receber nenhum treinamento, para melhorar:

  • a saúde das pessoas que recebem primeiros socorros;

  • a qualidade dos primeiros socorros prestados;

  • o comportamento de ajuda em situações reais de emergência; e

  • o conhecimento e as habilidades em primeiros socorros, a autoeficácia (definida como a crença do indivíduo em sua capacidade de prestar primeiros socorros) e a disposição para ajudar entre os participantes que receberam o treinamento.

Também queríamos saber sobre os custos do treinamento em primeiros socorros para leigos e se havia qualquer efeito indesejado.

O que fizemos?

Buscamos por estudos que compararam o treinamento em primeiros socorros para leigos com outro tipo de treinamento (como primeiros socorros em saúde mental ou prevenção do HIV) ou nenhum treinamento. Combinamos os resultados dos estudos encontrados e avaliamos a certeza da evidência, considerando os métodos e os tamanhos dos estudos.

O que encontramos?

Encontramos 36 estudos, com 15.657 pessoas sem formação profissional na área da saúde. Dezessete estudos incluíram adultos, e 19 estudos incluíram crianças ou adolescentes. Os estudos foram realizados em diferentes países. A maioria foi realizada em países de alta ou média renda (metade deles nos EUA). Apenas dois estudos foram realizados em um país de baixa renda (Nigéria).

Nenhum estudo apresentou evidências sobre os efeitos do treinamento em primeiros socorros nos desfechos de saúde de pessoas que recebem os primeiros socorros ou na qualidade dos primeiros socorros prestados em situações reais de emergência. Um estudo, com 3.070 pessoas, analisou o comportamento de ajuda de leigos, mas não apresentou dados suficientes para determinar se esse comportamento é afetado pelo treinamento em primeiros socorros.

Em comparação com outro tipo de treinamento ou nenhum treinamento, a curto prazo (até um mês após o treinamento), o treinamento em primeiros socorros para leigos provavelmente aumenta:

  • o conhecimento (8 estudos, 3.515 participantes);

  • as habilidades (12 estudos, 3.063 participantes); e a

  • autoeficácia (confiança da pessoa em sua capacidade de prestar socorro) (2 estudos, 285 participantes).

No entanto, não sabemos sobre o efeito, a curto prazo, do treinamento em primeiros socorros na disposição para ajudar (2 estudos, 1.083 participantes).

Quais são as limitações das evidências?

Não temos certeza se o treinamento em primeiros socorros aumenta o comportamento de ajuda, pois a evidência se baseia em apenas um estudo, que incluiu poucas oportunidades de ajudar. Temos confiança moderada de que o treinamento em primeiros socorros melhora, a curto prazo, o conhecimento, as habilidades e a autoeficácia de pessoas leigas. No entanto, nem todos os estudos descreveram claramente se a alocação dos participantes ao treinamento foi realizada de forma aleatória. Alguns participantes podem ter tido conhecimento sobre sua designação para o grupo de intervenção ou controle, e há insuficiência de informações acerca da validade e confiabilidade dos instrumentos de medição utilizados. Nossa confiança é baixa na evidência sobre o aumento da disposição para ajudar. Alguns participantes podem ter dito que estavam mais dispostos a ajudar apenas por acharem que essa era a resposta “correta”, mas não há estudos suficientes para confirmar este resultado.

Até quando as evidências incluídas estão atualizadas?

As evidências estão atualizadas até dezembro de 2024.

Kendall I, Laermans J, D'aes T, Borra V, McCaul M, Aertgeerts B, De Buck E

As intervenções para impedir que crianças e adolescentes usem cigarros eletrônicos funcionam?

2 weeks 5 days ago
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Atualmente, não há ensaios clínicos randomizados publicados que avaliem o impacto de intervenções para prevenir ou cessar o uso de cigarros eletrônicos entre crianças e adolescentes. No entanto, encontramos 22 estudos desse tipo em andamento, que parecem ser elegíveis para futuras atualizações desta revisão e podem trazer mais respostas.

O que queríamos saber?

Queríamos descobrir quão eficazes são as intervenções para prevenir ou cessar (ou seja, parar) o uso de cigarros eletrônicos por crianças e/ou adolescentes. Também queríamos saber qual o efeito dessas intervenções no uso de tabaco por esse público e se elas trazem alguma consequência relacionada à saúde das crianças e/ou adolescentes, ou nas organizações onde essas intervenções estavam sendo realizadas.

O que nós fizemos?

Buscamos todas as evidências disponíveis provenientes de ensaios clínicos randomizados (um tipo de estudo em que os participantes são designados aleatoriamente para um de dois ou mais grupos de tratamento) para responder às perguntas da revisão.

O que nós encontramos?

Realizamos a busca por estudos em 1º de maio de 2023 e não encontramos nenhum estudo publicado. No entanto, encontramos 22 estudos em andamento, que provavelmente serão incluídos em futuras atualizações da revisão. Como não encontramos estudos elegíveis para inclusão, não sabemos quão eficazes são as intervenções para prevenir ou cessar o uso de cigarros eletrônicos por crianças e/ou adolescentes.

Quão atualizadas estão essas evidências?

Essas evidências estão atualizadas até 1º de maio de 2023.

Esta é uma revisão sistemática viva. Realizamos buscas mensais de novas evidências e atualizamos a revisão quando identificamos novas evidências relevantes. Consulte o Cochrane Database of Systematic Reviews para verificar o status atual desta revisão.

Barnes C, Turon H, McCrabb S, Hodder RK, Yoong SL, Stockings E, Hall AE, Bialek C, Morrison JL, Wolfenden L

O risco de morte difere entre pacientes adultos do sexo feminino e do sexo masculino com embolia pulmonar (um coágulo sanguíneo nos pulmões)?

3 weeks ago
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Concluímos que não há certeza se o sexo (se o paciente é homem ou mulher) é um fator preditivo independente do risco de morte em pessoas com embolia pulmonar (um coágulo sanguíneo nos pulmões), visto que nossa revisão encontrou resultados contraditórios.

- Observamos uma pequena, porém importante, redução na mortalidade por todas as causas em 30 dias após embolia pulmonar em pacientes do sexo feminino em comparação com pacientes do sexo masculino. No entanto, em pacientes do sexo feminino, pode haver um pequeno, mas importante, aumento na mortalidade hospitalar por qualquer causa. Não encontramos praticamente nenhuma diferença entre pacientes do sexo masculino e feminino em relação à mortalidade especificamente relacionada à embolia pulmonar em 30 dias. Temos um nível de confiança moderado a baixo nesses resultados.

- É necessário realizar mais pesquisas de boa qualidade para esclarecer se existe diferença entre homens e mulheres na probabilidade de morte após embolia pulmonar. Nossa análise apresenta sugestões sobre como essa pesquisa deve ser conduzida.

O que é embolia pulmonar?

Um coágulo sanguíneo é uma massa de células sanguíneas que se forma nos vasos sanguíneos. Os coágulos sanguíneos podem proteger contra sangramentos, mas também podem causar problemas. A embolia pulmonar ocorre quando coágulos sanguíneos se desprendem de sua origem e se deslocam até os pulmões, onde podem causar um bloqueio na circulação sanguínea.

A embolia pulmonar pode ser fatal. É a terceira causa mais frequente de morte cardiovascular (depois do ataque cardíaco e do acidente vascular cerebral) e a principal causa evitável de morte em pacientes hospitalizados.

O que queríamos descobrir?

Esta revisão Cochrane teve como objetivo determinar se o sexo (ser paciente do sexo feminino ou masculino), por si só, pode prever o risco de morte em adultos com embolia pulmonar.

O que nós fizemos?

Buscamos estudos que avaliassem se existe uma associação (independente de outros fatores) entre sexo e mortalidade em adultos com embolia pulmonar. Comparamos e resumimos os resultados dos estudos que identificamos e classificamos nossa confiança nas evidência com base em fatores como métodos e tamanhos das amostras dos estudos.

O que nós encontramos?

Encontramos sete estudos relevantes envolvendo 726.293 participantes. Os estudos serviram de base para três desfechos da revisão: óbito hospitalar por qualquer causa ('mortalidade hospitalar por todas as causas'); óbito ocorrido por qualquer causa desde o momento do diagnóstico de embolia pulmonar ou início do tratamento até 30 dias depois ('mortalidade por todas as causas em 30 dias'); e óbito devido a embolia pulmonar ocorrido entre o momento do diagnóstico de embolia pulmonar ou início do tratamento e 30 dias depois ('mortalidade relacionada à embolia pulmonar em 30 dias'). Nenhum estudo avaliou nossos outros desfechos de interesse (por exemplo, óbito no período de um ano).

Resultados principais

Os estudos analisaram registros médicos antigos de pacientes que foram tratados em hospitais entre 2000 e 2018, nos EUA, na Espanha ou no Japão. A maioria dos estudos foi realizada em vários hospitais. Não foram realizados estudos em países de baixa ou média renda. Os participantes de cada estudo tinham uma idade média superior a 60 anos, e a maioria apresentava embolia pulmonar sintomática.

Constatamos que, em pacientes do sexo feminino com embolia pulmonar, provavelmente há uma pequena, mas importante, redução na mortalidade por todas as causas em 30 dias (2 estudos, 17.627 participantes) quando comparada a pacientes do sexo masculino. Por outro lado, também descobrimos que, para pacientes do sexo feminino, pode haver um pequeno, mas importante aumento na mortalidade hospitalar por todas as causas (3 estudos, 611.210 participantes), e pode haver pouca ou nenhuma diferença entre os sexos na mortalidade relacionada à embolia pulmonar em 30 dias (2 estudos, 3.524 participantes). Devido aos resultados mistos e às lacunas de informação (por exemplo, muitos dos nossos desfechos não foram medidos), não foi possível chegar a conclusões confiáveis ​​sobre se o risco de morte após uma embolia pulmonar pode ser previsto com base no sexo do paciente (masculino ou feminino).

Quais são as limitações das evidências?

As evidências são limitadas pelo pequeno número de estudos, pelas descrições deficientes de como foram conduzidos e pela inclusão de estudos que coletaram informações de pacientes a partir de bancos de dados administrativos, como registros hospitalares ou de seguros. No futuro, quando mais estudos forem realizados e incluídos em uma atualização desta revisão, nossas conclusões poderão diferir dos resultados aqui apresentados.

Até que ponto estas evidências estão atualizadas?

As evidência baseiam-se em buscas realizadas até 17 de fevereiro de 2023.

Jimenez Tejero E, Lopez-Alcalde J, Correa-Pérez A, Stallings E, Gaetano Gil A, del Campo Albendea L, Mateos-Haro M, Fernandez-Felix BM, Stallings R, Alvarez-Diaz N, García Laredo E, Solier A, Fernández-Martínez E, Morillo Guerrero R, de Miguel M, Perez R…

Uso de intervenções psicológicas em mulheres diagnosticadas e em tratamento para câncer de mama não metastático

3 weeks ago
Pergunta da revisão

Revisamos as evidências sobre os efeitos de intervenções psicológicas no impacto psicológico e na qualidade de vida entre mulheres com câncer de mama não metastático (ou seja, câncer que não se espalhou além da mama). Os autores da revisão Cochrane coletaram e analisaram todos os estudos relevantes para responder a essas perguntas e encontraram 60 estudos.

Contexto

O câncer de mama é o câncer mais comum que afeta mulheres no mundo todo. Por ser um diagnóstico angustiante, pesquisas consideráveis examinaram as consequências psicológicas de ser diagnosticado e tratado para o câncer de mama. O diagnóstico e o tratamento do câncer de mama podem causar depressão e ansiedade e reduzir a qualidade de vida. Como resultado, várias intervenções psicológicas têm sido usadas para ajudar a lidar com o sofrimento psicológico experimentado após o diagnóstico.

Características dos estudos
As evidências estão atualizadas até março de 2021. Uma intervenção pode ser realizada em um cenário envolvendo um grupo (intervenção em grupo), como contato individual entre um terapeuta e um paciente (intervenção individual) ou na forma de terapia de casal, onde a paciente e seu cônjuge participam das sessões de terapia (intervenção de casal). O grupo controle poderia receber folhetos educativos ou ter acesso a seminários ou aulas de relaxamento. 

Foi realizada uma busca abrangente da literatura e foram incluídos 60 estudos envolvendo 7.998 participantes. A maioria das intervenções foi baseada na terapia cognitivo-comportamental, que envolve mudar os pensamentos e o comportamento de uma pessoa. Em geral, os métodos para avaliar os desfechos (como ansiedade, depressão, qualidade de vida) após a intervenção e o momento dessas avaliações não foram uniformes entre os estudos.

Principais resultados

Mulheres que receberam terapia psicológica apresentaram redução de depressão, ansiedade, distúrbios de humor e estresse, além de melhora na qualidade de vida em comparação ao grupo controle. O efeito da terapia psicológica no enfrentamento e na sobrevida não pôde ser determinado porque poucos estudos coletaram ou relataram esses desfechos. 

Eventos adversos não foram relatados ou estudados em nenhum dos estudos incluídos.

Pesquisas futuras devem ter como objetivo fornecer evidências para que as pessoas tomem decisões informadas sobre os efeitos desses tratamentos e se são sustentáveis ​​após a descontinuação da terapia.

Certeza da evidência

A certeza da evidência para cada desfecho era baixa. As intervenções variaram entre os estudos, assim como os métodos e o momento das medidas de desfecho e cuidados recebidos dentro dos grupos controle.

Jassim GA, Doherty S, Whitford DL, Khashan AS

Quais são os benefícios e os malefícios dos corticosteroides no tratamento de crianças e adultos com sépsis?

1 month 2 weeks ago
Mensagens-chave

- Comparativamente ao placebo ou aos cuidados habituais, os corticosteroides reduzem provavelmente o risco de morte aos 28 dias e de morte intra-hospitalar, e podem ter pouco ou nenhum efeito no risco de morte para além dos três meses.

- Não temos a certeza sobre os efeitos da infusão intravenosa contínua de corticosteroides em comparação com a administração intermitente de bólus intravenosos (injeção rápida).

- Estudos futuros devem avaliar os benefícios e os malefícios dos corticosteroides no tratamento de populações específicas, incluindo crianças, doentes com sépsis sem choque ou com uma forma ligeira de choque sético, doentes com síndrome de dificuldade respiratória aguda (SDRA) e doentes com diferentes tipos de infeções. A definição dos métodos ideais para a administração de corticosteroides, incluindo os tipos de molécula - com ou sem produção de retenção de sódio e fluidos e excreção de potássio (atividade mineralocorticoide), o momento de início, a dose e a duração, infusão contínua ou bólus intravenosos intermitentes, e o fim do tratamento - com ou sem diminuição gradual da dose até zero, também requerem estudos adicionais. Estudos futuros devem medir os efeitos a longo prazo, ou seja, mais de um ano, na sobrevivência e nas complicações da sépsis.

O que é a sépsis?

A sépsis ocorre quando uma infeção é acompanhada por falência dos órgãos. As pessoas desenvolvem respiração rápida, hipotensão (tensão arterial baixa) e confusão mental. A sépsis pode interferir com a eficácia dos corticosteroides do corpo, que controlam a forma como o corpo reconhece e se defende contra bactérias, vírus e substâncias que parecem estranhas e nocivas.

O que são corticosteroides (medicamento)?

Os corticosteroides são medicamentos utilizados para parar a inflamação excessiva. No entanto, estes medicamentos podem causar danos indesejáveis, como aumento dos níveis de açúcar ou sal no sangue, infeções, hemorragias no estômago, agitação ou delírio e fraqueza dos membros. Corticosteroides têm sido administrados há décadas a pessoas com infeções por várias causas.

O que pretendíamos descobrir?

Queríamos descobrir:

- os benefícios da utilização de corticosteroides em crianças e adultos com sépsis; e

- as melhores formas de administrar este tratamento (incluindo as melhores pessoas a quem o administrar).

Também queríamos saber se os corticosteroides podem causar efeitos indesejáveis.

O que fizemos?

Procurámos por estudos que comparassem:

- corticosteroides administrados por via intravenosa contra um tratamento "falso", ou tratamento simulado, que não contém qualquer medicamento mas tem um aspeto ou sabor idêntico ao dos corticosteroides, ou cuidados habituais; ou

- infusão contínua contra injeções intravenosas rápidas intermitentes (bólus) de administração de corticosteroides.

Comparámos e resumimos os seus resultados e classificámos a nossa confiança na evidência, com base em fatores como a metodologia e o tamanho dos estudos.

O que descobrimos?

Esta revisão inclui 87 estudos (24.336 participantes). O maior estudo foi realizado com 3.800 pessoas e o mais pequeno com 21 pessoas. Oitenta e três ensaios clínicos compararam corticosteroides com não corticosteroides (placebo ou cuidados habituais em 59 e 24 ensaios clínicos, respetivamente). Quatro ensaios também compararam a administração contínua versus a injeção intravenosa rápida (ou seja, bólus) de corticosteroides administrados em intervalos fixos de seis ou oito horas. Trinta e três ensaios foram realizados na Europa, 15 na América do Norte, 22 na Ásia, seis no Médio Oriente, seis em África e três na América Latina; quatro eram ensaios multinacionais.

Três ensaios foram financiados por uma empresa farmacêutica, 27 por organizações públicas ou através de financiamento de caridade e seis tanto por uma empresa farmacêutica como por organizações públicas ou financiamento de caridade; 25 não declararam a fonte de financiamento.

Comparados com placebo ou cuidados habituais, os corticosteroides provavelmente reduzem o risco de morte em 28 dias em 10% (72 estudos; 22.915 participantes), com efeitos consistentes entre crianças e adultos. É possível que os corticosteroides tenham pouco ou nenhum efeito sobre o risco de morte a longo prazo (mais de três meses), mas estes resultados são menos seguros. Os corticosteroides reduzem provavelmente o risco de morte no hospital. Os corticosteroides podem resultar numa redução do tempo de permanência na unidade de cuidados intensivos (UCI) e no hospital. Não podem aumentar o risco de superinfeção (segunda infeção). As evidências são muito incertas quanto ao efeito dos corticosteroides no risco de fraqueza muscular.

- Não temos a certeza sobre os efeitos da infusão intravenosa contínua de corticosteroides em comparação com a administração intermitente de bólus intravenosos (injeção rápida). Quatro estudos apresentaram dados para esta comparação, e o grau de certeza da evidência para todos os resultados foi muito baixo.

Quais são as limitações da evidência?

Corticosteroides versus placebo ou cuidados habituais

Temos uma confiança moderada nas nossas conclusões de que os corticosteroides reduziram a mortalidade aos 28 dias. Encontrámos algumas diferenças entre as populações estudadas, os tipos de corticosteroides e a forma como foram administrados, e a utilização de medicamentos adicionais.

- Infusão contínua versus administração em bólus de corticosteroides

Temos muito pouca confiança nas nossas conclusões sobre a ausência de uma diferença na mortalidade a 28 dias entre a administração de corticosteroides de forma contínua e injeções intravenosas rápidas repetidas. Encontrámos apenas quatro estudos que incluíam muito poucos doentes.

Quão atualizada se encontra esta evidência?

A evidência providenciada por esta revisão encontra-se atualizada até julho de 2023.

Annane D, Briegel J, Granton D, Bellissant E, Bollaert PE, Keh D, Kupfer Y, Pirracchio R, Rochwerg B

Quais são os benefícios e os malefícios dos probióticos na prevenção da diarreia associada ao Clostridioides difficile em adultos e crianças que estejam a receber antibióticos por qualquer motivo?

1 month 2 weeks ago
Mensagens-chave
  • Nas pessoas a quem são prescritos antibióticos, os probióticos podem ser eficazes na prevenção da diarreia associada a Clostridioides difficile (CDAD) e podem reduzir o risco de diarreia associada a antibióticos.

  • Os probióticos provavelmente não causam danos quando tomados com um antibiótico, com menos efeitos indesejáveis ligeiros a moderados no grupo que recebe probióticos do que no grupo que recebe placebo (tratamento simulado) ou nenhum tratamento.

  • Nas pessoas que tomam antibióticos e que não têm um sistema imunitário enfraquecido, a utilização a curto prazo de probióticos pode oferecer um pequeno benefício e provavelmente não é prejudicial. No entanto, são necessários mais estudos de grande dimensão que comparem os probióticos com placebo em pessoas com um baixo risco de DACD.

O que é Diarreia associada a Clostridioides difficile -(CDAD) ?

Os antibióticos são dos medicamentos mais prescritos em todo o mundo. O tratamento com antibióticos pode perturbar o equilíbrio dos organismos que normalmente povoam o intestino. Isto pode resultar numa série de sintomas, nomeadamente diarreia. O C difficile é um organismo particularmente perigoso que pode colonizar e infetar o intestino se o equilíbrio microbiano tiver sido perturbado. Os efeitos da infeção por C difficile podem variar, sendo que algumas pessoas não apresentam sintomas e outras sofrem de diarreia, inflamação grave, aumento do cólon ou mesmo morte. O custo do tratamento é dispendioso e o encargo financeiro para o sistema médico é substancial.

O que são probióticos?

Os probióticos são microrganismos vivos (bactérias ou leveduras) que proporcionam benefícios para a saúde quando administrados em quantidades adequadas. Ajudam a prevenir potenciais perturbações do equilíbrio microbiano intestinal associadas à utilização de antibióticos e a reduzir o risco de desenvolvimento de bactérias nocivas. Os probióticos podem ser encontrados em suplementos dietéticos ou iogurtes e estão amplamente disponíveis em cápsulas vendidas em lojas de produtos naturais e supermercados. Como "alimentos funcionais" ou "bactérias boas", os probióticos têm sido sugeridos como um meio de prevenir e tratar a DACD.

O que pretendíamos descobrir?

Queríamos saber se os probióticos previnem a DACD em adultos e crianças que recebem terapia antibiótica, e se os probióticos causam quaisquer efeitos indesejáveis. Os investigadores fizeram uma pesquisa exaustiva na literatura médica até 3 de março de 2025.

O que fizemos?

Procurámos estudos que comparassem probióticos (qualquer estirpe ou dose) versus placebo (tratamento simulado), tratamento preventivo alternativo ou nenhum tratamento para a prevenção da DACD em adultos e crianças a receberem antibioterapia por qualquer motivo. Comparámos e resumimos os resultados dos estudos e classificámos a nossa confiança na evidência com base em fatores como a metodologia e o tamanho dos estudos.

O que descobrimos?

Incluímos 47 estudos com um total de 15.260 adultos e crianças que receberam terapia antibiótica juntamente com probióticos, avaliando o crescimento de CDAD ou C difficile . Trinta e oito estudos (13.179 participantes) avaliaram a eficácia dos probióticos na prevenção da DACD. Os nossos resultados sugerem que os probióticos podem resultar numa pequena redução do risco de DACD em comparação com o placebo ou a ausência de tratamento.

Os probióticos podem resultar numa pequena redução do crescimento de C difficile (16 estudos, 1.302 participantes). Trinta e sete estudos (11.911 participantes) analisaram os efeitos indesejáveis. Os nossos resultados mostram que os probióticos resultam provavelmente numa pequena redução do risco de desenvolver efeitos indesejáveis em comparação com o placebo ou a ausência de tratamento. Os efeitos indesejáveis mais frequentemente notificados incluíram cólicas abdominais, náuseas, febre, fezes moles, flatulência (gases) e perturbações do paladar, e foram mais comuns no grupo placebo ou sem tratamento. Quarenta estudos (13.419 participantes) relataram diarreia associada a antibióticos (DAA); os probióticos podem resultar numa grande redução do risco de DAA em comparação com placebo ou nenhum tratamento. Sete estudos (6.553 participantes) que avaliaram o tempo de internamento hospitalar mostraram provavelmente pouca ou nenhuma diferença entre probióticos e placebo ou nenhum tratamento.

Quais são as limitações da evidência?

Os estudos que analisámos utilizaram diferentes tipos de probióticos, mas não compararam diretamente um probiótico com outro. Esta falta de comparações diretas torna mais difícil determinar qual o probiótico que funciona melhor.

A nossa confiança na evidência disponível é moderada a reduzida. A nossa confiança é limitada porque, em alguns estudos, as pessoas que abandonaram o estudo ou que não foram seguidas deram origem a informações em falta. Os dois maiores estudos da nossa análise não mostraram um benefício claro dos probióticos na prevenção da DACD.

Quão atualizada se encontra esta evidência?

A evidência encontra-se atualizada até 3 de março de 2025.

Esmaeilinezhad Z, Ghosh NR, Walsh CM, Steen JP, Burgman AM, Mertz D, Johnston BC

Acrescentar a pulverização residual interior em comunidades que utilizam redes mosquiteiras tratadas com inseticida para a prevenção da malária

1 month 2 weeks ago
Qual foi o objetivo desta revisão?

A pulverização residual de interiores (PRI) é a aplicação regular de inseticidas químicos nas paredes das habitações. O inseticida dura vários meses, matando os mosquitos que pousam neles. Os mosquiteiros tratados com inseticida (MTI) são redes de cama tratadas com inseticidas, que impedem os mosquitos de picar as pessoas e reduzem a população de mosquitos. Ambas as intervenções ajudam a controlar a malária, reduzindo o número de pessoas que são picadas por mosquitos infetados com malária. A aplicação da pulverização intradérmica em comunidades que utilizam mosquiteiros tratados com inseticida pode ser melhor para o controlo da malária do que a utilização de mosquiteiros tratados com inseticida isoladamente, simplesmente porque duas intervenções podem ser melhores do que uma; mas também porque pode melhorar o controlo da malária onde os mosquitos se tornaram resistentes aos inseticidas piretroides utilizados nos mosquiteiros tratados com inseticida. Os piretroides foram a única classe de inseticidas aprovada para utilização nos MTI até 2018, mas a crescente resistência dos mosquitos aos piretroides prejudica a sua eficácia. A adição da pulverização intravenosa poderá contrariar esta redução da eficácia dos MTI e contribuir para retardar o aparecimento de resistência aos piretroides. Seria de esperar que os inseticidas IRS que têm um modo de atuação diferente do dos piretroides ("não piretroides") pudessem recuperar a eficácia melhor do que os que têm o mesmo modo de atuação ("piretroides"). O objetivo desta revisão foi resumir o impacto da pulverização intravenosa com piretroides ou sem piretroides na malária, quando implementada em comunidades que utilizam MTI.

Mensagens-chave

A adição de IRS utilizando um inseticida do tipo não piretroide foi associada a uma redução da prevalência da malária. A incidência da malária também pode ser reduzida em média, mas este efeito não se verificou em dois estudos e, consequentemente, permanece alguma incerteza quanto à eficácia da intervenção em todos os contextos.

Quando um inseticida do tipo piretroide foi utilizado para a pulverização, os dados eram limitados, mas não foi demonstrado qualquer efeito adicional.

O que foi estudado nesta revisão?

Procurámos estudos que avaliassem o impacto na transmissão da malária quando a pulverização intradérmica, utilizando uma dosagem recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), foi implementada em comunidades que utilizavam mosquiteiros tratados com inseticida ou mosquiteiros normais tratados com inseticida numa dose recomendada pela OMS. Considerámos os efeitos nos resultados da saúde humana e nas populações de mosquitos.

Quais foram os principais resultados da revisão?

No total, identificámos 10 estudos que correspondiam aos nossos critérios de inclusão, a partir dos quais efetuámos 12 comparações. Sete estudos (que proporcionaram oito comparações) utilizaram um IRS não do tipo piretroide durante todo o estudo. Cada uma delas foi realizada em zonas onde os vetores foram descritos como resistentes ou altamente resistentes aos piretroides. Dois estudos (com duas comparações) utilizaram um IRS do tipo piretroide em todo o processo. Um outro estudo utilizou uma pulverização de tipo piretroide no primeiro ano de estudo e mudou para uma pulverização de tipo não piretroide nos anos seguintes, proporcionando assim duas comparações diferentes. Todos os estudos foram realizados na África subsariana.

A adição de IRS do tipo não piretroide em comunidades que utilizam MTI parece melhorar os resultados da malária na maioria dos contextos. De um modo geral, os resultados dos oito estudos incluídos revelaram uma menor prevalência de parasitas da malária, embora possa haver uma redução da incidência da malária e da prevalência da anemia. Não sabemos se existe um impacto no número de picadas infetadas recebidas por pessoa por ano.

Quando se adiciona a FII do tipo piretroide em comunidades que utilizam MTI, os dados de três estudos indicam que provavelmente não há efeito na incidência da malária ou na prevalência de parasitas, e pode haver pouco ou nenhum efeito na prevalência de anemia. Os dados sobre o número de picadas infetadas recebidas por pessoa e por ano eram demasiado limitados para se poder chegar a uma conclusão.

Quão atualizada se encontra esta revisão?

Procurámos estudos relevantes até 8 de novembro de 2021.

Pryce J, Medley N, Choi L

Que fatores influenciam as opiniões e práticas dos prestadores de cuidados e dos adolescentes relativamente à vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) para adolescentes?

1 month 2 weeks ago
Mensagens-chave

- Muitos fatores complexos podem influenciar as opiniões e ações dos prestadores de cuidados e dos adolescentes sobre a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) para adolescentes. Dividimo-las em 8 temas relacionados com os conhecimentos e as perceções individuais, as relações familiares e sociais e os contextos mais amplos em que vivem os prestadores de cuidados e os adolescentes.

- Os planeadores de cuidados de saúde e os responsáveis pela elaboração de políticas podem utilizar os temas para os ajudar a compreender os contextos específicos em que as pessoas tomam decisões sobre a vacinação contra o HPV. Isto pode ajudá-los a conceber formas mais relevantes e eficazes de promover a aceitação e a adesão à vacinação.

O que é o papilomavírus humano (HPV) e porquê vacinar-se contra ele?

O HPV é a principal causa de cancro do colo do útero nas mulheres e também provoca verrugas genitais e vários tipos de cancro em pessoas de todos os sexos. A vacinação dos adolescentes (jovens com idades compreendidas entre os 9 e os 19 anos) é uma das formas mais eficazes de prevenir estas doenças.

Porque é que é importante compreender o que afeta as decisões dos prestadores de cuidados e dos adolescentes relativamente à vacinação contra o HPV?

Para serem bem sucedidos, os programas de vacinação contra o HPV dependem de níveis elevados de adesão à vacinação. No entanto, em todo o mundo, muitos adolescentes não são vacinados contra o HPV. Há várias razões para isso. As vacinas podem não estar disponíveis ou os adolescentes podem ter dificuldades de acesso aos serviços de vacinação, por exemplo, devido à má qualidade dos serviços de saúde, à distância de uma unidade de saúde ou à falta de dinheiro. Alguns prestadores de cuidados e adolescentes podem não aceitar a vacinação contra o HPV.

O que pretendíamos descobrir?
Queríamos saber quais os fatores que influenciam os pontos de vista e as ações dos prestadores de cuidados e dos adolescentes em relação à vacinação contra o HPV. Estávamos interessados nos fatores que podem "aumentar" ou "reduzir" a aceitação da vacinação contra o HPV.

O que fizemos?
Procurámos estudos que explorassem os pontos de vista, as experiências e as ações dos prestadores de cuidados ou dos adolescentes em relação à vacinação contra o HPV para adolescentes, em todos os países onde a vacinação contra o HPV é administrada. Os participantes no estudo tinham de ser adolescentes ou prestadores de cuidados que fossem responsáveis por decidir se um adolescente devia ser vacinado.

O que descobrimos?
Encontrámos 206 estudos relevantes e analisámos os resultados de 71 deles. Os estudos foram realizados em todo o mundo e incluíram locais urbanos e rurais, bem como pessoas que vivem em países e comunidades com rendimentos altos, médios e baixos.

Resultados principais
Descobrimos que muitos fatores complexos podem influenciar o que os prestadores de cuidados e os adolescentes pensam sobre a vacinação contra o HPV e as ações que tomam. Dividimo-las em 8 temas.

1. Falta de conhecimentos médicos

2. Crenças e ideias sobre os riscos e benefícios da vacinação contra o HPV

3. Opiniões ou experiências sobre outras vacinas e programas de vacinação

4. O papel dos adolescentes e dos seus cuidadores primários na tomada de decisões

5. As opiniões e ações sobre a vacinação contra o HPV de outros membros da família ou de outros membros da sua comunidade social, tais como colegas, líderes tradicionais ou religiosos e os meios de comunicação social

6. Crenças sociais ou culturais mais amplas sobre a adolescência, a sexualidade, o género, a parentalidade e a saúde

7. Confiança ou desconfiança nas instituições ou pessoas associadas à vacinação, tais como professores e escolas, a indústria farmacêutica, o governo e os profissionais de saúde

8. Acesso a programas e serviços de vacinação contra o HPV e experiências com os mesmos, tais como a sua conveniência, o custo da vacina ou barreiras relacionadas com a língua.

Quais são as limitações da evidência?
A nossa confiança na evidência é maioritariamente moderada a elevada. No entanto, os métodos ou os resultados de alguns estudos não eram muito claros, e alguns centraram-se num tipo de contexto ou país, pelo que não eram potencialmente relevantes para outros contextos ou países. Todos os estudos incluídos foram publicados em inglês ou francês, pelo que podemos não ter encontrado resultados publicados noutras línguas.

Quão atualizada se encontra a evidência?
A evidência encontra-se atualizada até fevereiro de 2023.

Cooper S, Schmidt B-M, Jama NA, Ryan J, Leon N, Mavundza EJ, Burnett RJ, Tanywe AC, Wiysonge CS

Que mudanças permanentes e temporárias nos ambientes aquáticos dos mosquitos imaturos funcionam melhor para reduzir a malária nas pessoas?

1 month 2 weeks ago
Porque é que é importante reduzir a malária nas pessoas?

A malária tem um impacto muito elevado na saúde pública, sobretudo nas populações de África e da Ásia. Há muitos anos que se estudam estratégias para reduzir a malária. A maioria das estratégias centra-se na redução do número de mosquitos imaturos (larvas e pupas) para evitar que se transformem em mosquitos adultos, uma vez que é o mosquito fêmea adulto que pode propagar a malária através da picada de pessoas.

Quais são as alterações permanentes e temporárias no ambiente dos mosquitos imaturos?

Os ambientes aquáticos onde vivem os mosquitos imaturos podem ser perturbados através de alterações permanentes (modificação) e temporárias (manipulação). Exemplos de alterações permanentes incluem a construção de canais de drenagem, o nivelamento do terreno e o enchimento de valas. Exemplos de alterações temporárias incluem a alteração do fluxo de água em cursos de água, a drenagem de canais, o corte de relva, o sombreamento de plantas que utilizam água. Estas intervenções podem ser utilizadas isoladamente ou em conjunto com outros tratamentos padrão, como a aplicação regular de insecticidas nas massas de água (larvicida).

O que pretendíamos descobrir?

Queríamos descobrir que mudanças permanentes e temporárias no ambiente dos mosquitos imaturos reduzem a malária nas pessoas (resultados clínicos) e a quantidade de mosquitos imaturos e adultos (resultados entomológicos).

O que fizemos?

Procurámos estudos que analisaram alterações permanentes e temporárias no ambiente dos mosquitos imaturos, em comparação com nenhuma intervenção ou uma alteração permanente ou temporária diferente. Comparámos e resumimos os resultados dos estudos e classificámos a nossa confiança na evidência, com base em fatores como os métodos de estudo.

O que descobrimos?

A revisão incluiu 16 estudos que utilizaram uma série de diferentes desenhos de estudos aleatorizados e não aleatorizados. Onze estudos foram realizados em África e cinco na Ásia. Apenas alguns estudos relataram resultados clínicos, com a maioria a centrar-se no número de mosquitos imaturos, ou mosquitos adultos, ou ambos (resultados entomológicos). Verificámos que existe alguma evidência que apoia a utilização de alterações permanentes (modificação) e temporárias (manipulação) nos ambientes aquáticos para reduzir o número de mosquitos imaturos em ambientes específicos. No entanto, quando se analisam os resultados clínicos, 1. o efeito da manipulação do habitat na prevalência do parasita da malária e na incidência clínica da malária não é claro; 2. a prevalência do parasita da malária pode ser reduzida quando se utiliza a manipulação do habitat com larvicida; 3. a combinação da manipulação e modificação com larvicida provavelmente faz pouca ou nenhuma diferença na prevalência do parasita da malária e nos níveis de hemoglobina.

Quais são as limitações da evidência?

A revisão incluiu um vasto leque de diferentes alterações ao ambiente aquático dos mosquitos imaturos, tendo algumas delas sido combinadas com tratamentos de água (larvicida), o que significa que muito poucos estudos analisaram a mesma intervenção. Muitos dos estudos incluídos tinham problemas relacionados com a forma como foram conduzidos.

Quão atualizada se encontra esta evidência?

Esta revisão atualiza uma revisão Cochrane de 2013. A evidência encontra-se atualizada até 30 de novembro de 2021.

Martello E, Yogeswaran G, Reithinger R, Leonardi-Bee J

Administração de medicamentos antimaláricos para prevenir a malária em lactentes

1 month 2 weeks ago
Qual é o objetivo desta revisão?

Esta Revisão Cochrane teve como objetivo descobrir se a administração de doses repetidas de tratamento antimalárico a lactentes que vivem na África Subsariana pode prevenir a malária. Encontrámos e analisámos os resultados de 12 estudos relevantes realizados entre 1999 e 2013 que abordaram esta questão em lactentes (definidos como crianças pequenas com idades compreendidas entre 1 e 12 meses).

Mensagens-chave

Tratamento preventivo intermitente com sulfadoxina-pirimetamina (SP)

A administração de SP como tratamento preventivo antimalárico a lactentes reduziu provavelmente o risco de paludismo clínico, anemia e internamentos hospitalares nos países africanos que foram avaliados. No entanto, este efeito foi atenuado em estudos mais recentes.

Tratamento preventivo intermitente com terapia combinada à base de artemisinina (ACT)

A administração de ACT como tratamento antimalárico preventivo a lactentes pode reduzir o risco de paludismo clínico. Pode também reduzir a proporção de lactentes com parasitas da malária no sangue.

O que foi estudado nesta revisão?

Em zonas onde a malária é comum, os lactentes sofrem frequentemente episódios repetidos de doença da malária. Em zonas onde a transmissão da malária ocorre durante todo o ano, algumas autoridades recomendam o tratamento preventivo intermitente, que requer a administração de medicamentos a intervalos regulares (nas visitas de vacinação da criança), independentemente de a criança ter ou não sintomas de malária, para prevenir a doença da malária.

Estudámos os efeitos da IPTi com SP e outros medicamentos (incluindo ACTs) nos resultados relacionados com a malária. Os resultados da revisão incluíram malária clínica, malária grave, morte, internamento hospitalar, parasitemia, anemia, alteração do nível de hemoglobina e efeitos secundários.

Quais são os resultados principais desta revisão?

Incluímos 12 estudos que incluíram 19.098 bebés. Todos os estudos foram realizados na África subsariana (Gabão, Gana, Quénia, Mali, Moçambique, Tanzânia e Uganda). Estes estudos compararam os lactentes que receberam IPTi com os que receberam comprimidos de placebo ou nada. Os lactentes do grupo IPTi receberam diferentes medicamentos, em diferentes doses e durante diferentes períodos de tempo.

Dez estudos avaliaram a IPTi com SP de 1999 a 2013. O efeito da SP parece diminuir com o tempo, com os ensaios realizados depois de 2009 a mostrarem pouco ou nenhum efeito da intervenção. Os estudos mostram que a IPTi com SP provavelmente resultou em menos episódios de malária clínica, anemia, internamento hospitalar e parasitas no sangue sem sintomas (grau de certeza moderado da evidência). A IPTi com SP provavelmente fez pouca ou nenhuma diferença no risco de morte (evidência de qualidade moderada).

Desde 2009, alguns pequenos estudos avaliaram os medicamentos combinados à base de artemisinina e indicaram o seu impacto na malária clínica e nos parasitas do sangue. Um pequeno estudo de IPTi com dihidroartemisinina-piperaquina em 2013 mostrou uma redução de até 58% nos episódios de malária clínica (evidência de qualidade moderada) e reduções na proporção de lactentes com parasitas no sangue (evidência de qualidade moderada).

Quão atualizada se encontra esta revisão?

Os autores da revisão procuraram por estudos publicados até 3 de dezembro de 2018.

Esu EB, Oringanje C, Meremikwu MM

Controlo da malária com ivermectina

1 month 2 weeks ago
Qual é o objetivo desta revisão?

O objetivo desta revisão da Cochrane era descobrir se a administração do medicamento ivermectina a comunidades inteiras poderia reduzir a transmissão da malária. Examinámos todos os estudos relevantes para responder a esta questão e encontrámos um estudo relevante.

Mensagens-chave

Nesta altura, não é possível dizer se o tratamento de uma comunidade inteira com ivermectina reduz a malária. Estão em curso vários estudos de investigação, que esperamos venham a fornecer mais respostas no futuro.

O que foi estudado nesta revisão?

A malária é uma doença transmitida aos seres humanos através da picada de mosquitos infetados com parasitas Plasmodium . A doença provoca quase meio milhão de mortes todos os anos. A ivermectina é um medicamento que é administrado a comunidades inteiras para controlar os parasitas responsáveis pela elefantíase e pela cegueira dos rios. Foi observado que a ivermectina pode matar mosquitos quando estes se alimentam do sangue de pessoas que tomaram este medicamento. Por isso, acredita-se que ao dar este medicamento a comunidades inteiras, ele matará muitos mosquitos e poderá reduzir a transmissão da malária.

Nesta revisão, avaliámos se o tratamento de comunidades inteiras com ivermectina reduziria a transmissão da malária. Procurámos estudos de diferentes fontes e incluímos apenas estudos realizados em comunidades com malária e que atribuíram aleatoriamente grupos de pessoas à ivermectina ou a um controlo, que poderia ser um placebo ou tratamentos medicamentosos padrão da comunidade. Queríamos saber se o tratamento influenciava a ocorrência de malária na comunidade.

Quais são os resultados principais desta revisão?

Um estudo preencheu os critérios de inclusão. Este estudo incluiu oito aldeias no Burkina Faso, que foram aleatoriamente designadas para receber ivermectina ou um controlo. Todas as aldeias receberam ivermectina, como parte do controlo programado da filariose linfática. Para além disso, as aldeias tratadas receberam mais cinco doses de ivermectina, uma vez de três em três semanas. O efeito da ivermectina na malária foi medido em crianças com menos de cinco anos de idade. Nestas crianças, o tratamento não mostrou uma diferença notável na presença de malária entre os grupos de tratamento e de controlo (grau de certeza muito baixo da evidência).

Por isso, não é possível dizer nesta altura se o tratamento de comunidades inteiras com ivermectina tem um efeito na redução da malária. Estão atualmente em curso vários estudos que, segundo esperamos, fornecerão mais respostas no futuro.

Quão atualizada se encontra esta revisão?

Procurámos estudos publicados até 14 de janeiro de 2021.

de Souza DK, Thomas R, Bradley J, Leyrat C, Boakye DA, Okebe J

Quais são os benefícios e os malefícios da cetamina e de outros antagonistas dos recetores N-metil-D-aspartato no tratamento da dor crónica?

1 month 2 weeks ago
Mensagens-chave
  • Não é claro se a cetamina (administrada através de uma veia, tomada por via oral ou aplicada sob a forma de creme na pele) reduz a intensidade da dor, mas pode ter efeitos indesejáveis quando administrada através de uma veia.

  • Não é claro se a memantina, o dextrometorfano, a amantadina e o magnésio reduzem a intensidade da dor ou têm efeitos indesejáveis.

  • Precisamos de mais e melhores estudos para investigar os benefícios e os malefícios da cetamina e de outros antagonistas dos recetores N-metil-D-aspartato para a dor crónica.

O que é a dor crónica?

A dor crónica é uma dor que dura pelo menos três meses. Trata-se de um problema comum que afeta cerca de um terço das pessoas. A dor crónica pode ser um sintoma de diferentes condições médicas ou pode ser inexplicável. As pessoas com dor crónica sofrem frequentemente de fadiga, ansiedade, depressão e redução da funcionalidade e da qualidade de vida.

O que são os antagonistas dos recetores N-metil-D-aspartato (NMDA)?

Os antagonistas dos recetores NMDA são um grupo de medicamentos que afetam a excitabilidade dos nervos envolvidos na dor e noutras funções cerebrais. Estes incluem a cetamina, a memantina, o dextrometorfano, a amantadina e o magnésio. São utilizados pelos médicos para uma série de problemas de saúde, incluindo a dor crónica.

O que pretendíamos descobrir?

Queríamos descobrir se a cetamina e outros antagonistas dos recetores NMDA são melhores para reduzir a dor do que um tratamento "falso" (placebo), o tratamento médico habitual ou outro medicamento. Queríamos também saber se estão associados a quaisquer efeitos indesejáveis.

O que fizemos?

Procurámos estudos que avaliaram a cetamina e outros antagonistas dos recetores NMDA em comparação com placebo, tratamento médico habitual ou outro medicamento, em adultos com dor crónica. Comparámos e resumimos os resultados dos estudos, classificando a nossa confiança na evidência com base em fatores como os métodos e a dimensão dos estudos.

O que descobrimos?

Encontrámos 67 estudos que envolveram 2.309 pessoas com uma série de condições de dor crónica, incluindo condições de dor nervosa (por exemplo, dor nervosa diabética, dor pós-lesão), fibromialgia e síndrome de dor regional complexa. A proporção de mulheres nos estudos variou entre 11% e 100%. Trinta e nove estudos avaliaram a cetamina, 10 avaliaram a memantina, nove avaliaram o dextrometorfano, três avaliaram a amantadina e oito avaliaram o magnésio. Sessenta e dois estudos compararam estes medicamentos com um placebo. A maioria dos estudos era da Europa, do Reino Unido e dos EUA, e 19% receberam alguma forma de apoio financeiro de empresas farmacêuticas. Os estudos eram geralmente breves, com uma duração de apenas alguns meses.

Resultados principais

Não sabemos se a cetamina (administrada diretamente através de uma veia, tomada por via oral ou aplicada em forma de creme na superfície da pele) reduz a intensidade da dor. Quando administrada através de uma veia, a cetamina pode ter efeitos indesejáveis que incluem a sensação de falta de contacto com a realidade, náuseas e vómitos. Não sabemos se existem efeitos indesejáveis da administração de cetamina por via oral ou aplicada na pele.

Não é claro se a memantina, o dextrometorfano e a amantadina (tomados por via oral) ou o magnésio (administrado diretamente através de uma veia ou tomado por via oral) reduzem a intensidade da dor ou têm efeitos indesejáveis.

Quais são as limitações da evidência?

Temos pouca ou nenhuma confiança na evidência por algumas razões. É possível que as pessoas que participaram nos estudos estivessem cientes do tratamento que estavam a receber. Nem todos os estudos forneceram dados sobre tudo o que nos interessa. Não havia estudos suficientes para ter certeza sobre os resultados dos nossos resultados, e os estudos incluídos eram muito pequenos.

Quão atualizada se encontra a evidência?

A evidência encontra-se atualizada até junho de 2025.

Ferraro MC, Cashin AG, Visser EJ, Abdel Shaheed C, Wewege MA, Wand BM, Gustin SM, O'Connell NE, McAuley JH

O tratamento da perturbação do uso de opioides pode ser gerido por médicos de família (clínicas de cuidados primários) em vez de clínicas especializadas?

1 month 2 weeks ago
Mensagens-chave

- Não é claro se o tratamento de pessoas com perturbação do uso de opioides num contexto de cuidados primários em comparação com uma clínica especializada faz diferença na retenção no programa de tratamento ou nos principais efeitos indesejáveis. A gestão dos cuidados primários pode resultar numa maior prevenção dos opioides não prescritos.

- A confiança nestes resultados é baixa ou muito baixa, em grande parte devido ao facto de as clínicas de cuidados primários e os doentes participantes serem algo atípicos - o que torna difícil generalizar os nossos resultados à maioria das clínicas de cuidados primários e à maioria das pessoas com perturbações relacionadas com o consumo de opioides.

O que é a perturbação por consumo de opioides?

Alguns medicamentos opioides são receitados para tratar a dor (por exemplo, morfina, oxicodona, hidromorfona), mas outros podem ser fabricados e utilizados ilegalmente (por exemplo, heroína e fentanil, embora o fentanil também esteja disponível mediante receita médica). A perturbação por uso de opioides ocorre quando as pessoas consomem repetidamente medicamentos opioides de uma forma que representa um risco de danos para si próprias ou para os outros, muitas vezes porque têm sintomas como o desejo de consumir opioides ou a doença de abstinência de opioides (que pode incluir sintomas como ansiedade, suores, dores musculares, problemas para dormir, sensação de enjoo, dores de barriga e depressão).

O que é a perturbação por consumo de opioides?

A perturbação de uso de opioides é normalmente tratada em clínicas especializadas, onde estão frequentemente disponíveis várias vias de tratamento. Isto pode incluir potencialmente a "desintoxicação" (assistência durante o período de abstinência do medicamento), aconselhamento e serviços de apoio (por exemplo, apoio em matéria de habitação, emprego ou questões jurídicas). No entanto, o principal tratamento envolve medicação - na maioria das vezes, a prescrição de opioides de longa duração que proporcionam efeitos semelhantes aos de outros opioides (por exemplo, metadona) ou efeitos atenuados (parciais) (por exemplo, buprenorfina). Quando são prescritos opioides de ação prolongada para este fim, é designada por terapêutica agonista dos opioides.

O que pretendíamos descobrir?

Queríamos saber se o fornecimento de terapia agonista opioide através de uma clínica de cuidados primários, em vez de uma clínica especializada, proporcionava resultados semelhantes ou melhores para as pessoas com transtorno de uso de opioides. Especificamente, queríamos procurar diferenças entre eles:

- continuaram em tratamento ("retenção do tratamento");

- evitou o consumo de opioides ("abstinência de opioides não prescritos");

- tiveram efeitos indesejáveis importantes (como morte ou hospitalização);

- abandonaram o estudo devido a efeitos indesejáveis;

- melhoraram a sua qualidade de vida;

- melhorou a satisfação dos pacientes;

- morreu por qualquer motivo;

- morreram devido a opioides (por exemplo, overdose);

- foram internados num hospital ou num serviço de urgência por qualquer motivo;

- foram encarcerados por qualquer motivo (ou seja, foram para a prisão); e

- teve efeitos indesejáveis menores (por exemplo, sintomas de abstinência).

Porque é que pensámos que isto poderia ser benéfico?

As clínicas de cuidados primários estão generalizadas, o que as torna potencialmente mais acessíveis. Poderá haver menos estigma social quando alguém é visto a frequentar uma clínica de cuidados primários, e a frequência regular de uma clínica de cuidados primários poderá proporcionar uma maior oportunidade de discussão e tratamento de uma variedade de condições médicas que não estão relacionadas com a perturbação de uso de opioides.

O que fizemos?

Procuramos estudos que compararam pessoas com transtorno de uso de opioides que receberam terapia com agonista opioide em um ambiente de cuidados primários versus um ambiente de cuidados especializados. Avaliámos a qualidade dos estudos e resumimos os seus resultados.

O que descobrimos?

Encontrámos sete estudos que incluíam 1.952 adultos com perturbações relacionadas com o consumo de opioides cujo tratamento era gerido em cuidados primários ou especializados. Cinco estudos foram realizados nos EUA, um em França e um na Ucrânia. A idade média dos participantes era de 38 anos e três em cada quatro eram homens. Os estudos excluíram pessoas de "alto risco", tais como grávidas, sem-abrigo, dependentes de álcool ou diagnosticadas com outras doenças mentais.

Não ficou claro se a retenção no programa de tratamento foi diferente entre os grupos (7 estudos, 1952 pessoas). As pessoas tratadas num contexto de cuidados primários podem ter evitado melhor os opioides não sujeitos a receita médica (5 estudos, 428 pessoas), e não ficou claro se houve alguma diferença nos efeitos indesejáveis graves (1 estudo, 93 pessoas).

As pessoas tratadas nos cuidados primários podem estar mais satisfeitas com os seus cuidados em comparação com as tratadas em cuidados especializados, mas não houve diferenças claras na qualidade de vida, morte por qualquer causa e efeitos indesejáveis menores. Não havia qualquer informação sobre as outras medidas que nos interessavam.

Quais são as limitações da evidência?

O nosso grau de certeza da evidência é globalmente baixo, em grande parte devido ao facto de as pessoas e as clínicas de cuidados primários variarem. As pessoas tendiam a ser de menor risco e mais estáveis do que as pessoas em geral, e as clínicas de cuidados primários tinham frequentemente experiência prévia com perturbações relacionadas com o consumo de opioides ou ligações a clínicas especializadas que poderiam não estar amplamente disponíveis. Não é claro se estes resultados podem ser generalizados à maioria das pessoas com perturbações associadas ao consumo de opioides (algumas das quais podem ser menos estáveis e de maior risco) e à maioria dos prestadores de cuidados primários (alguns dos quais podem ter pouca ou nenhuma experiência no tratamento de perturbações associadas ao consumo de opioides).

Quão atualizada se encontra a evidência?

A evidência encontra-se atualizada até 7 de março de 2025.

Perry D, Kirkwood JEM, Doroshuk ML, Kelmer M, Korownyk CS, Ton J, Garrison SR

Quais são os benefícios e os malefícios das vacinas contra o vírus sincicial respiratório (VSR) na prevenção da doença por VSR?

1 month 2 weeks ago
Mensagens-chave
  • As vacinas de pré-fusão contra o vírus sincicial respiratório (VSR) reduziram a doença por VSR em adultos mais velhos. Quando as mulheres grávidas receberam vacinas à base da proteína F do RSV, os seus bebés tiveram menos doenças graves por RSV. Isto aplica-se tanto às vacinas aprovadas como às não aprovadas.

  • A eficácia das vacinas contra o VSR em mulheres em idade fértil e o impacto das vacinas vivas contra o VSR em bebés e crianças permanecem incertos. Estes ensaios utilizaram vacinas não aprovadas.

  • É necessária mais investigação para analisar as vacinas contra o VSR em mulheres em idade fértil e os efeitos das vacinas vivas em bebés e crianças.

O que é o vírus sincicial respiratório?

O VSR é um vírus que se propaga facilmente e provoca doenças respiratórias. A maioria das pessoas apanha-a quando é muito jovem e quase todas a têm até aos dois anos de idade.

Como se previne o VSR?

Pode ser prevenida através da vacinação, da utilização de anticorpos especiais, lavando as mãos e evitando o contacto próximo com pessoas doentes.

O que pretendíamos descobrir?

Queríamos saber se as vacinas contra o VSR funcionam bem na prevenção do VSR e se são seguras.

O que fizemos?

Procurámos estudos que compararam as vacinas contra o VSR com placebo (tratamento simulado), nenhum tratamento, vacinas para outras infeções respiratórias, outras vacinas contra o VSR ou anticorpos monoclonais (proteínas produzidas em laboratório que ajudam o sistema imunitário a combater doenças) em todas as pessoas. Comparamos e resumimos os resultados dos estudos e classificamos a nossa confiança na evidência com base em fatores como métodos e tamanhos de estudo.

O que descobrimos?

Encontrámos cinco estudos sobre adultos mais velhos, três sobre o efeito da vacinação de mulheres grávidas nos seus bebés, um sobre mulheres em idade fértil e cinco sobre bebés e crianças.

Resultados principais

Vacina de pré-fusão contra o RSV versus placebo em adultos mais velhos; 4 estudos (99.931 pessoas)

As vacinas de pré-fusão contra o RSV reduziram a doença respiratória relacionada com o RSV em 77% e as doenças agudas relacionadas com o RSV em 67% nos adultos mais velhos. Estamos confiantes nestes resultados.

Pode haver pouca ou nenhuma diferença entre a vacina de pré-fusão contra o RSV e o placebo no número de efeitos indesejáveis graves, pessoas que morrem do próprio RSV ou pessoas que morrem de qualquer causa. Temos pouca confiança nestes resultados.

Os estudos não relataram hospitalização relacionada ao RSV ou admissão em unidade de terapia intensiva (UTI).

Vacina contra o RSV pós-fusão baseada na proteína F versus placebo em adultos mais velhos; 1 estudo (1.894 pessoas)

É provável que haja pouca ou nenhuma diferença entre a vacina baseada na proteína F pós-fusão do RSV e o placebo na doença respiratória relacionada com o RSV ou nas doenças agudas relacionadas com o RSV em adultos mais velhos.

Pode haver pouca ou nenhuma diferença entre a vacina baseada na proteína F pós-fusão do RSV e o placebo no número de efeitos indesejáveis graves, pessoas que morrem do próprio RSV ou pessoas que morrem de qualquer causa. Temos pouca confiança nestes resultados.

O estudo não relatou hospitalização relacionada ao RSV ou admissão na UTI.

Vacina materna baseada na proteína F do RSV versus placebo em bebés; 3 estudos (12.010 pessoas)

A vacina materna baseada na proteína F do RSV reduziu a doença respiratória relacionada com o RSV em 54%, a doença respiratória grave relacionada com o RSV em 74% e as hospitalizações devido ao RSV em 54% nos bebés. Estamos confiantes nestes resultados.

Pode haver pouca ou nenhuma diferença entre a vacina materna baseada na proteína F do RSV e o placebo no número de efeitos indesejáveis graves, de bebés que morrem do próprio RSV ou de bebés que morrem por qualquer causa. Temos pouca confiança nestes resultados.

Os estudos não relataram a admissão na UTI.

Vacinas vivas atenuadas contra o RSV versus placebo em bebés e crianças; 5 estudos (192 bebés e crianças)

Não sabemos ao certo se as vacinas vivas contra o VSR reduzem as doenças respiratórias e as doenças relacionadas com o VSR em bebés e crianças.

Pode haver pouca ou nenhuma diferença entre as vacinas vivas contra o VSR e o placebo no número de efeitos indesejáveis graves.

Os estudos não relataram a hospitalização relacionada com o VSR, o número de bebés e crianças que morreram devido ao próprio VSR, o número de mortes por qualquer causa ou a admissão na UCI.

Vacina de nanopartículas F recombinantes contra placebo contra RSV em mulheres em idade fértil; 1 estudo (300 mulheres)

Não temos a certeza se a vacina de nanopartículas F recombinantes contra o RSV previne novas infeções por RSV em mulheres em idade fértil.

Poderá haver pouca ou nenhuma diferença entre a vacina de nanopartículas F recombinantes contra o RSV e o placebo no que respeita ao número de efeitos indesejáveis graves, pessoas que morrem devido ao próprio RSV ou pessoas que morrem por qualquer causa. Temos pouca confiança nestes resultados.

O estudo não relatou hospitalização relacionada ao RSV ou admissão na UTI.

Quais são as limitações da evidência?

Incluímos apenas artigos publicados em inglês e, portanto, podemos não ter incluído estudos publicados noutras línguas. Houve problemas ocasionais com a forma como alguns estudos foram efetuados, mas, em geral, os estudos foram bem conduzidos.

Quão atualizada se encontra a evidência?

A evidência encontra-se atualizada até abril de 2024.

Saif-Ur-Rahman K, King C, Whelan SO, Blair M, Donohue S, Madden C, Kothari K, Sommer I, Harder T, Dauby N, Moustsen-Helms IR, Ruta S, Frère J, Schönfeld V, Poukka E, Lutsar I, Olsson K, Melidou A, Adel Ali K, Dwan K, Devane D

A rotação manual é útil para evitar um parto operatório em mulheres cujos bebés estão virados para o lado errado durante o parto?

1 month 2 weeks ago
Mensagens-chave
  • Quando uma mulher está em trabalho de parto e o colo do útero está totalmente dilatado, mas a cabeça do bebé está virada para a direção errada (para a frente ou para o lado da mãe), não é atualmente claro se virar a cabeça do bebé à mão (rotação manual) para que fique virada para as costas da mãe (a posição habitual) ajuda a reduzir a necessidade de cesariana, vácuo ou parto com fórceps.

  • São necessários mais estudos bem concebidos para compreender melhor se a rotação manual é eficaz e segura.

O que é a rotação manual?

A rotação manual é um procedimento em que um médico ou uma parteira usa a mão ou os dedos para virar suavemente a cabeça do bebé para a posição habitual (virada para as costas da mãe) durante o trabalho de parto, normalmente quando o colo do útero da mulher está completamente dilatado.

Porque é que isto é importante para as parturientes cujos bebés estão virados para o lado errado?

Quando a cabeça do bebé não está na posição ideal durante o trabalho de parto - virada para a frente da mãe (occipital posterior, OP) ou para o lado (occipital transversal, OT), em vez da posição habitual virada para as costas da mãe (occipital anterior, OA) - pode aumentar o risco de o trabalho de parto não progredir bem, de complicações como hemorragias maternas, de traumatismos graves no pavimento pélvico e da necessidade de recorrer a vácuo, fórceps ou cesariana. Virar a cabeça do bebé para a posição OA pode ajudar a evitar estas intervenções.

O que pretendíamos descobrir?

Queríamos saber se a rotação manual é melhor do que não fazer nada (ou os cuidados habituais) na prevenção de partos operatórios (vácuo, fórceps ou cesariana) em mulheres cujos bebés estão na posição errada durante o trabalho de parto.

Estávamos interessados no efeito da rotação manual noutros resultados, incluindo: mortes maternas e perinatais, lacerações graves do períneo durante o parto (terceiro ou quarto grau) e hemorragia grave após o parto (perda de sangue de 500 ml ou mais).

O que fizemos?

Procurámos estudos que avaliaram se a rotação manual trazia benefícios ou prejuízos para as mulheres e os seus bebés quando comparada com um procedimento simulado ou com os cuidados habituais. Comparámos e resumimos os resultados e classificámos a nossa confiança na evidência, com base em fatores tais como métodos e tamanhos dos estudos.

O que descobrimos?

Encontrámos seis estudos que incluíram 1.002 mulheres grávidas e os seus bebés. Todos os estudos foram realizados em países de alto rendimento. Todas as mulheres tinham uma gravidez de termo (pelo menos 37 semanas ou mais), o colo do útero estava totalmente dilatado e a maioria tinha recebido alívio da dor por epidural.

Resultados principais

Em comparação com a ausência de rotação manual, a rotação manual pode resultar em pouca ou nenhuma diferença na taxa global de partos operatórios. Não se registaram mortes maternas ou perinatais em nenhum dos grupos.

A rotação manual pode não reduzir a probabilidade de cesariana ou de partos instrumentais (fórceps ou vácuo). Além disso, houve pouca ou nenhuma diferença no número de mulheres que sofreram complicações, incluindo lacerações perineais de terceiro ou quarto grau, ou hemorragias graves após o parto.

Está a decorrer mais um estudo (que envolve 46 mulheres). No entanto, serão necessários estudos muito maiores para detetar diferenças significativas. São também necessários estudos futuros em países de baixo e médio rendimento.

Quais são as limitações da evidência?

A nossa confiança na evidência é limitada, principalmente devido a preocupações com o desenho do estudo (especificamente, em três dos seis estudos, as mulheres sabiam qual o tratamento que estavam a receber), e porque o número total de mulheres incluídas nos estudos era pequeno.

Quão atualizada se encontra a evidência?

A evidência encontra-se atualizada até março de 2024.

Phipps H, Osborn DA, Zhang R, Cooper C, Hyett JA, de Vries BS
Checked
2 hours 34 minutes ago
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