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Dar probióticos para bebês reduz as alergias?

1 week 2 days ago
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  • Os probióticos, que são bactérias vivas benéficas para o intestino, quando oferecidos a recém-nascidos como suplemento ou adicionados a fórmula infantil nos primeiros seis meses de vida, podem reduzir ligeiramente o desenvolvimento de eczema (pele seca, com coceira e inflamada) por volta dos dois anos de idade. No entanto, ainda não existem estudos de boa qualidade suficientes para confirmar esse resultado.

  • Os probióticos podem ter pouco ou nenhum efeito na prevenção de doenças alérgicas, como asma (uma doença respiratória com tosse, chiado, aperto no peito e falta de ar), rinite alérgica (também chamada de febre do feno) e alergias alimentares, incluindo alergia ao leite de vaca, durante a infância.

  • Os efeitos dos simbióticos, que são a combinação de probióticos com prebióticos (fibras que ajudam as bactérias a crescer), ainda são incertos.

O que são alergias?

As alergias a certos alimentos, como leite de vaca, amendoim e ovos, e também as alergias que não vêm da comida, são comuns. A sensibilidade a alimentos, incluindo o leite de vaca, pode surgir porque alguns bebês se tornam sensíveis através do intestino, e isso pode ser influenciado pelo tipo de bactéria que vive no trato gastrointestinal. Outros bebês podem desenvolver sensibilidade pela pele. A sensibilização aos alérgenos, que são as substâncias que causam alergia, costuma seguir um padrão. Primeiro surgem as alergias alimentares, geralmente nos primeiros dois a três anos de vida. Depois aparecem alergias a substâncias dentro de casa, como ácaros e animais de estimação. Por último, surgem alergias a alérgenos externos (por exemplo, centeio e grama Timothy) que podem causar asma, eczema ou rinite alérgica.

Como elas podem ser prevenidas?

Os probióticos ajudam as bactérias “boas” do intestino. Por isso, há interesse em saber se esses microrganismos podem evitar a sensibilização a alérgenos, reduzindo o risco de alergias alimentares e não alimentares.

O que nós fizemos?

Nosso objetivo era descobrir o impacto de administrar probióticos ou simbióticos (que são probióticos combinados com prebióticos (fibras não digeríveis que ajudam as bactérias a crescer)) a bebês nos primeiros seis meses de vida. Comparamos esse uso com a administração de um tratamento simulado ou nenhum tratamento, para avaliar se isso ajudaria a prevenir o desenvolvimento de doenças alérgicas, incluindo asma, eczema, rinite alérgica, alergias alimentares e alergia à proteína do leite de vaca.

Buscamos estudos que administraram probióticos ou simbióticos a bebês durante os primeiros seis meses de vida e os compararam com bebês que não receberam essas intervenções. Comparamos e resumimos os resultados desses estudos e avaliamos a certeza das evidências, levando em conta fatores como os métodos utilizados e o tamanho das amostras.

O que nós encontramos?

Incluímos 24 estudos com 7.077 pares de mãe-bebê.

Os probióticos podem não ter nenhum efeito na prevenção da asma, rinite alérgica e alergia à proteína do leite de vaca em crianças de até dois anos de idade. Os probióticos podem reduzir ligeiramente o risco de eczema a partir dos dois anos de idade, mas ainda não há estudos de boa qualidade suficientes para confirmar esse resultado. Os probióticos também podem ter pouco ou nenhum efeito na prevenção de alergias alimentares aos dois anos, mas a evidência disponível é muito incerta.

A evidência também é muito incerta sobre o efeito dos simbióticos no eczema em crianças de dois anos. Os simbióticos podem causar pouca ou nenhuma diferença na prevenção de alergia alimentar até os dois anos de idade. Não encontramos dados sobre o efeito dos simbióticos na asma, na rinite alérgica ou na alergia ao leite de vaca em crianças de até dois anos.

A suplementação com probióticos ou simbióticos pode causar pouca ou nenhuma diferença em relação aos efeitos indesejáveis, incluindo infecções causadas pelas próprias bactérias probióticas até os dois anos de idade. Nenhum estudo relatou efeitos colaterais graves relacionados ao uso de probióticos ou simbióticos.

Quais são as limitações dessas evidências?

Tivemos algumas preocupações sobre relacionadas a como alguns estudos foram conduzidos. Nem todos os estudos forneceram dados sobre os desfechos que nos interessavam. A maioria dos estudos avaliou o uso de probióticos e relatou resultados sobre eczema. Não havia estudos suficientes para termos certeza sobre os efeitos dos probióticos e dos simbióticos nas outras doenças alérgicas ou nas alergias alimentares.

Quão atuais são essas evidências?

As evidências estão atualizadas até dezembro de 2023.

Wang HZ, Hayles EH, Fiander M, Sinn JKH, Osborn DA

Quais são os benefícios e os riscos das diferentes vacinas contra o papilomavírus humano (HPV) na prevenção do câncer do colo do útero e de outras doenças relacionadas ao HPV?

1 week 3 days ago
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Vacinação contra o HPV:

- reduz a incidência de câncer do colo do útero em cerca de 80% em pessoas vacinadas até os 16 anos de idade;

- reduz a incidência de lesões pré-cancerosas cervicais de alto grau, bem como de verrugas anogenitais;

- não está associado a um risco aumentado de efeitos colaterais a longo prazo ou infertilidade;

- É mais eficaz quando administrado aos 16 de idade ou antes, idealmente antes do início da atividade sexual.

O que é o HPV?

O papilomavírus humano (HPV) é transmitido entre pessoas por meio de contato sexual, incluindo sexo vaginal, anal ou oral. Existem muitos tipos de HPV. Alguns tipos são inofensivos, mas outros podem causar câncer. O câncer cervical é o tipo mais comum de câncer que o HPV pode causar, mas ele também pode causar câncer vaginal, vulvar, peniano, anal e de cabeça e pescoço, além de verrugas anogenitais (uma infecção sexualmente transmissível causada por certos tipos de papilomavírus humano). A partir da infecção pelo HPV, o câncer cervical geralmente leva mais de 10 anos para se desenvolver, e outros tipos de câncer levam ainda mais tempo.

Quais os benefícios das vacinas contra o HPV?

Em meninas e meninos, as vacinas contra o HPV têm como objetivo prevenir a infecção pelo vírus, que às vezes pode causar câncer e verrugas anogenitais. As vacinas contra o HPV não são eficazes em pessoas que já foram expostas ao HPV. Por esse motivo, a maioria dos programas de vacinação visa oferecer a vacina aos jovens antes que se tornem sexualmente ativos.

O que queríamos descobrir?

Queríamos mais informações sobre questões relativas a desfechos de longo prazo e raros que não podem ser respondidas por ensaios clínicos randomizados (estudos em que as pessoas são atribuídas aleatoriamente a dois ou mais grupos de tratamento):

- Quais são os efeitos da introdução da vacinação contra o HPV nas taxas comunitárias de câncer de colo do útero, vagina, vulva, ânus e pênis, e nos estágios pré-cancerígenos da doença durante o desenvolvimento do câncer?

- Quais são os efeitos da introdução da vacinação contra o HPV no número de pessoas que desenvolvem verrugas anogenitais e no número de pessoas que se submetem a tratamento para doenças relacionadas ao HPV?

Também queríamos saber se as vacinas contra o HPV estavam associadas a algum efeito nocivo, especialmente aqueles mais frequentemente discutidos nas redes sociais.

O que nós fizemos?

Buscamos estudos que avaliassem o impacto da vacinação contra o HPV nos níveis populacionais de câncer cervical e outros tipos de câncer, lesões pré-cancerosas de alto grau (alterações celulares anormais que ocorrem após uma infecção persistente por HPV de alto risco e que podem evoluir para câncer se não tratadas), verrugas anogenitais, taxas de tratamento, infecções por HPV e eventos adversos ou indesejáveis. Esses estudos incluíram análises de grupos de pessoas após receberem a vacinação contra o HPV e estudos que observaram a mudança nessas doenças após a introdução da vacinação contra o HPV em nível nacional.

Também pesquisamos em sites de redes sociais (WebMD e X (antigo Twitter)) por eventos adversos comumente mencionados relacionados à vacinação contra o HPV. Buscamos e incluímos estudos que avaliassem o impacto da vacinação contra o HPV nesses eventos.

O que nós encontramos?

Encontramos 225 estudos adequados de todo o mundo que relataram os benefícios e os malefícios da vacinação contra o HPV, incluindo mais de 132 milhões de pessoas.

A vacinação contra o HPV provavelmente reduz a incidência de câncer do colo do útero em cerca de 80% em pessoas vacinadas até os 16 anos de idade. A redução é menor para pessoas vacinadas mais tarde.

A vacinação contra o HPV provavelmente reduz a incidência de lesões pré-cancerosas cervicais de alto grau (NIC3+, NIC3, NIC2+ e NIC2), bem como de verrugas anogenitais. Novamente, as reduções são maiores em pessoas que receberam a vacina contra o HPV aos 16 anos de idade ou antes.

Havia evidência de menor certeza quanto ao efeito da vacinação contra o HPV em doenças raras que levam muito mais tempo para se desenvolver, como adenocarcinoma in situ, outras lesões pré-cancerígenas e outros tipos de câncer relacionados ao HPV (por exemplo, câncer vaginal, vulvar, anal e peniano). Identificamos menos estudos sobre esses desfechos.

Para a maioria dos eventos adversos específicos que analisamos, incluindo síndrome da taquicardia ortostática postural, síndrome da fadiga crônica/encefalomielite miálgica, paralisia, síndrome da dor regional complexa, síndrome de Guillain-Barré e infertilidade, houve evidência de certeza moderada de que a vacinação contra o HPV provavelmente não aumenta o risco de desenvolvê-los. A vacinação contra o HPV também não aumentou a atividade sexual.

A vacinação contra o HPV também parece reduzir as taxas de tratamento associadas à doença causada pelo HPV, aumenta a adesão aos programas de rastreio do câncer do colo do útero e reduz as infecções por HPV.

Quais são as limitações das evidências?

Estamos moderadamente confiantes em nossos resultados para câncer cervical, doença cervical de alto grau, verrugas anogenitais e danos específicos. No entanto, estudos melhores e mais abrangentes poderiam apresentar resultados mais confiáveis e precisos sobre o nível de proteção.

Até que ponto estas evidências estão atualizadas?

As evidências estão atualizadas até setembro de 2024.

Henschke N, Bergman H, Buckley BS, Crosbie EJ, Dwan K, Golder SP, Kyrgiou M, Loke YK, McIntosh HM, Probyn K, Villanueva G, Morrison J

Quais são os benefícios e os riscos das diferentes vacinas contra o papilomavírus humano (HPV) na prevenção do câncer do colo do útero e de outras doenças relacionadas ao HPV?

1 week 3 days ago
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- Em mulheres e meninas de 15 a 25 anos que receberam a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) com Cervarix, Gardasil ou Gardasil-9, em comparação com aquelas que não receberam a vacina, houve uma ligeira redução de lesões cervicais de alto grau (células anormais que podem evoluir para câncer se não tratadas) após quatro a seis anos de seguimento. Nas mulheres vacinadas com Gardasil ou Gardasil-9, em comparação com as não vacinadas, observou-se uma pequena redução de lesões pré-cancerosas da vulva e da vagina após quatro anos de seguimento. A vacinação contra o HPV reduziu o risco de verrugas anogenitais e a necessidade de tratamento para doenças relacionadas ao HPV. Nenhum dos estudos teve duração suficiente para relatar o desenvolvimento de casos de câncer.

- Alguma dor e inchaço no local da injeção foram comuns após a vacinação contra o HPV, mas não encontramos efeitos indesejáveis graves.

- A maioria dos estudos incluiu pessoas com 15 anos ou mais, que têm maior probabilidade de terem sido expostas à infecção e, portanto, menor probabilidade de se beneficiarem da vacinação. Os ensaios clínicos foram muito curtos para avaliar desfechos a longo prazo, como o desenvolvimento de câncer.

O que é o papilomavírus humano (HPV)?

O HPV é uma infecção comum. É transmitido entre pessoas por meio de contato íntimo, incluindo sexo vaginal, anal ou oral. Existem muitos tipos de HPV, e alguns tipos podem causar câncer. O câncer cervical é o tipo mais comum, mas o HPV também pode causar câncer vaginal, vulvar, peniano, anal e de cabeça e pescoço, além de verrugas anogenitais; portanto, o HPV pode afetar homens e mulheres. O câncer cervical geralmente leva mais de 10 anos para se desenvolver após a infecção inicial. Outros tipos de câncer relacionados ao HPV se desenvolvem mais lentamente.

Como as vacinas contra o HPV podem ajudar?

As vacinas contra o HPV têm como objetivo prevenir os tipos de infecções por HPV que, por vezes, causam câncer e verrugas anogenitais. As vacinas contra o HPV não são tão eficazes em pessoas que já foram expostas ao vírus, por isso a maioria dos programas de vacinação são direcionados a jovens antes do início da vida sexual.

O que queríamos descobrir?

Queríamos descobrir se as vacinas contra o HPV:

- previnem o câncer e as lesões pré-cancerígenas (células com aparência anormal que podem se tornar cancerígenas se não forem tratadas);

- reduzem a necessidade de tratamento de doenças relacionadas ao HPV;

- previnem a ocorrência de verrugas anogenitais; e

- causam algum efeito indesejado.

O que nós fizemos?

Procuramos por estudos que comparassem:

- uma vacina contra o HPV com placebo (vacina simulada), uma vacina que não seja contra o HPV ou nenhuma vacina; ou

- diferentes vacinas contra o HPV ou número de doses de vacinas contra o HPV.

Comparamos e resumimos os resultados e classificamos nossa confiança nas evidências, com base em fatores tais como métodos e tamanhos dos estudos. Contamos com o apoio de um Grupo Consultivo Independente, incluindo consumidores.

O que nós encontramos?

Encontramos 60 estudos com 157,414 pessoas. O maior estudo envolveu 34.412 pessoas e o menor, 11 pessoas. Elas foram acompanhados por um período que variou de 4 dias a 11 anos. Os estudos foram realizados em todo o mundo. A maioria durou 12 meses. As empresas farmacêuticas financiaram 44 dos estudos.

Principais resultados

- Os estudos não foram suficientemente longos para nos informar diretamente sobre a prevenção do câncer e se concentraram em desfechos de curto prazo.

- Em mulheres e meninas de 15 a 25 anos, Cervarix e Gardasil reduziram todos os casos de pré-câncer cervical de alto grau (NIC2+) a curto prazo. Em mulheres com mais de 25 anos, houve pouca ou nenhuma diferença.

- Em pessoas com idades entre 15 e 25 anos, houve pouca ou nenhuma diferença na incidência de lesões pré-cancerosas de alto grau no ânus ou no pênis a curto prazo. As vacinas Gardasil e Gardasil-9 reduziram o pré-câncer vaginal ou vulvar de alto grau neste grupo de pessoas.

- A vacinação contra o HPV reduziu o risco de verrugas anogenitais e o número de pessoas entre 15 e 25 anos que necessitam de tratamento para possível câncer em estágio inicial relacionado ao HPV.

- Alguma dor e inchaço foram comuns após todas as vacinas contra o HPV, mas não houve efeitos colaterais graves. Não sabemos se existem diferenças nos riscos entre as diferentes vacinas.

Quais são as limitações das evidências?

Tínhamos algumas preocupações sobre a forma como alguns estudos foram realizados, o que poderia afetar alguns resultados. Temos um nível moderado de confiança nas evidência relativas a efeitos indesejáveis ​​graves, tratamento de doenças relacionadas ao HPV, lesões pré-cancerosas do colo do útero, da vagina e da vulva, e verrugas anogenitais. Temos menor confiança nas evidências sobre câncer e lesões pré-cancerosas penianas e anais porque houve poucos casos, os estudos tiveram seguimento muito curto para avaliar o desenvolvimento de câncer e as pessoas incluídas eram, em geral, mais velhas do que o público-alvo habitual das vacinas.

Muitos estudos foram financiados pela indústria, mas não encontramos diferenças em comparação com estudos financiados de forma independente.

Até que ponto estas evidências estão atualizadas?

Estas evidências estão atualizadas até 18 de setembro de 2024.

Bergman H, Henschke N, Arevalo-Rodriguez I, Buckley BS, Crosbie EJ, Davies JC, Dwan K, Golder SP, Loke YK, Probyn K, Petkovic J, Villanueva G, Morrison J

Os cigarros eletrônicos podem ajudar as pessoas a parar de fumar e causam efeito indesejável quando usados para este fim?

1 week 6 days ago
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Os cigarros eletrônicos com nicotina podem ajudar as pessoas a parar de fumar por pelo menos seis meses. Eles funcionam melhor do que a terapia de reposição de nicotina, e provavelmente funcionam melhor do que os cigarros eletrônicos sem nicotina.

Eles podem funcionar melhor do que não receber nenhum tipo de apoio ou apenas receber apoio comportamental (como aconselhamento). Eles também podem não estar associados a efeitos colaterais graves.

No entanto, ainda precisamos de mais estudos, especialmente sobre modelos mais novos de cigarros eletrônicos, que entregam nicotina de forma mais eficiente. Uma entrega melhor de nicotina pode ajudar mais pessoas a parar de fumar.

O que são cigarros eletrônicos?

Cigarros eletrônicos (e-cigarros) ou vapes são dispositivos portáteis que funcionam ao aquecer um líquido que geralmente contém nicotina e aromatizantes. Eles permitem que o usuário inale nicotina em forma de vapor, e não de fumaça. Como não queimam tabaco, os cigarros eletrônicos regulamentados não expõem os usuários aos mesmos níveis de substâncias químicas que causam doenças em pessoas que fumam cigarros tradicionais.

Usar o cigarro eletrônico é conhecido como vapes (vaping). Muitas pessoas usam vapes para ajudar a parar de fumar. Neste resumo, focamos especialmente nos cigarros eletrônicos que contêm nicotina.

Por que fizemos esta revisão Cochrane?

Parar de fumar reduz o risco de muitas doenças. Mas parar de fumar é difícil para muitas pessoas. Queríamos saber se os cigarros eletrônicos podem ajudar pessoas a deixar o cigarro e se causam efeitos indesejados quando usados para esse fim.

O que nós fizemos?

Buscamos estudos que investigaram o uso de cigarros eletrônicos para parar de fumar.

Buscamos ensaios clínicos randomizados, em que os participantes são sorteados para diferentes tratamentos. Esse tipo de estudo fornece evidências mais confiáveis sobre os efeitos dos tratamentos. Também analisamos estudos em que todos os participantes receberam cigarros eletrônicos, mesmo sem grupos comparativos, para aprender sobre possíveis efeitos à saúde.

Estávamos interessados em avaliar:

• quantas pessoas pararam de fumar por pelo menos seis meses; e

• quantas pessoas apresentaram efeitos indesejados após pelo menos uma semana de uso?

Data da busca

Incluímos evidência publicadas até 1º de março de 2025.

O que nós descobrimos

Encontramos 104 estudos que incluíam 30.366 adultos fumantes. Os estudos compararam cigarros eletrônicos com nicotina com:

• terapia de reposição de nicotina (ex: adesivos ou goma de mascar);

• vareniclina (um medicamento para ajudar as pessoas a parar de fumar);

• cigarros eletrônicos sem nicotina;

• produtos de tabaco aquecido (produtos que aquecem o tabaco a uma temperatura suficientemente alta para liberar vapor, sem queimá-lo ou produzir fumaça; estes diferem dos cigarros eletrônicos porque aquecem a folha de tabaco);

• sachês orais de nicotina (sachês que não contêm tabaco, mas liberam nicotina quando mantidos na boca);

• outros tipos de cigarros eletrônicos com nicotina (por exemplo, dispositivos pod, dispositivos mais novos);

• apoio comportamental (por exemplo, aconselhamento ou terapia); ou

• nenhum apoio para parar de fumar.

A maioria dos estudos ocorreu nos EUA (48 estudos) e no Reino Unido (21 estudos).

Quais são os resultados da nossa revisão?

As pessoas têm mais chance de parar de fumar por pelo menos seis meses quando usam cigarros eletrônicos com nicotina do que quando usam terapia de reposição de nicotina (9 estudos, 2.703 pessoas) ou do que quando usam cigarros eletrônicos sem nicotina (7 estudos, 1.918 pessoas).

Os cigarros eletrônicos com nicotina podem ajudar mais pessoas a parar de fumar do que não receber nenhum tipo de suporte ou receber apenas suporte comportamental (11 estudos, 6.819 pessoas).

Entre cada 100 pessoas que usam cigarros eletrônicos com nicotina para parar de fumar, de 8 a 11 conseguem parar com sucesso. Em comparação, apenas 6 em cada 100 conseguem parar usando terapia de reposição de nicotina, 6 em cada 100 usando cigarros eletrônicos sem nicotina e 4 em cada 100 quando não há suporte ou há apenas suporte comportamental.

Ainda não sabemos se existe diferença na quantidade de efeitos indesejados entre o uso de cigarros eletrônicos com nicotina e o uso de terapia de reposição de nicotina, ou em comparação com nenhum suporte ou apenas suporte comportamental. Encontramos alguma evidência sugerindo que efeitos indesejados não graves foram mais comuns em grupos que usaram cigarros eletrônicos com nicotina do que em grupos sem suporte ou com suporte comportamental. No entanto, essa evidência é incerta. Estudos que comparam cigarros eletrônicos com nicotina e terapia de reposição de nicotina relataram poucos efeitos indesejados, incluindo os efeitos considerados graves. Provavelmente não há diferença na quantidade de efeitos indesejados não graves quando comparamos cigarros eletrônicos com nicotina e cigarros eletrônicos sem nicotina.

Os efeitos indesejados relatados com mais frequência por pessoas que usaram cigarros eletrônicos com nicotina foram irritação na garganta ou na boca, dor de cabeça, tosse e náuseas. Esses efeitos parecem semelhantes aos que ocorrem com o uso de terapia de reposição de nicotina. Além disso, os efeitos indesejados diminuíram ao longo do tempo, conforme as pessoas continuaram usando cigarros eletrônicos com nicotina.

Até que ponto estes resultados são confiáveis?

Encontramos evidências de que cigarros eletrônicos com nicotina ajudam mais pessoas a parar de fumar do que a terapia de reposição de nicotina. Os cigarros eletrônicos com nicotina provavelmente ajudam mais pessoas a parar de fumar do que os cigarros eletrônicos sem nicotina, mas ainda precisamos de mais estudos para confirmar isso.

Os estudos que comparam cigarros eletrônicos com nicotina com suporte comportamental ou ausência de suporte também mostraram taxas de abandono maiores entre quem usou cigarros eletrônicos com nicotina. No entanto, esses resultados são menos confiáveis porque alguns estudos apresentaram problemas metodológicos.

A maioria dos resultados sobre efeitos indesejados pode mudar quando mais evidências forem publicadas.

Lindson N, Livingstone-Banks J, Butler AR, McRobbie H, Bullen CR, Hajek P, Wu AD, Begh R, Theodoulou A, Notley C, Rigotti NA, Turner T, Fanshawe T, Hartmann-Boyce J

As intervenções em saúde digital, orientadas ou assistidas por tecnologia, ajudam no controle da obesidade em crianças e adolescentes?

2 weeks ago
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• As intervenções digitais podem ter pequenos efeitos benéficos de curto prazo na massa gorda, mas seus efeitos sobre outros desfechos ainda são incertos.

• Nenhum estudo relatou dados sobre a segurança das intervenções.

• Estudos futuros devem relatar seus resultados separados por idade, gênero, raça/etnia; apresentar dados completos; incluir dados de eventos adversos e outros desfechos; controlar para dieta e atividade física em suas análises; e explicar qual teoria de comportamento foi usada para orientar as intervenções.

Por que a obesidade na infância é um problema?

A obesidade na infância é um problema de saúde pública no mundo todo. Ela aumenta o risco de doenças crônicas, como diabetes e doenças do coração. Em 2016, mais de 340 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos estavam com sobrepeso ou obesidade em todo o mundo.

O que são tecnologias digitais e como elas são usadas no manejo da perda de peso?

Pesquisadores estão explorando novas formas de manejar a obesidade em crianças e adolescentes utilizando tecnologias digitais. Essas tecnologias incluem: dispositivos vestíveis, intervenções baseadas na web, mensagens de texto, aplicativos para celulares ou tablet, "exergaming" e videogames ativos, e teleatendimento (ver ou falar com seu médico de casa, usando seu celular, computador ou tablet). As vantagens dessas tecnologias podem incluir:

• estar disponível a todo momento, ajudando amanter hábitos saudáveis por mais tempo;
• reduzir custos de tratamento;
• facilitar o acesso aos cuidados de saúde, alcançando mais pessoas, inclusive aquelas que vivem longe dos serviços médicos.

O que queríamos descobrir?

Queríamos saber se o uso de tecnologias digitais ajuda crianças e adolescentes a perder peso, e se essas ferramentas são seguras.

O que fizemos?

Buscamos estudos que analisaram o uso de tecnologias digitais, como "wearables" (um dispositivo eletrônico pequeno e portátil que você usa no corpo para monitorar sua dieta, saúde e/ou atividade física), ferramentas baseadas na web, mensagens de texto, aplicativos móveis, exergaming ou teleatendimento, no manejo da obesidade em crianças e adolescentes com até 19 anos. Agrupamos os estudos em duas comparações:

• tecnologia digital mais cuidado usual versus o cuidado usual isolado;
• tecnologia digital isolado versus o cuidado usual isolado.

Comparamos e resumimos os resultados dos estudos e avaliamos a certeza da evidência, considerando o métodos utilizados e o tamanho das amostras.

O que encontramos?

Incluímos 15 estudos, com 911 crianças e adolescentes. Cinco estudos incluíram crianças de 0 a 19 anos. Dez estudos incluíram apenas participantes com idades entre 10 e 19 anos. Nove estudos duraram menos de seis meses (estudos de curta duração) e seis estudos duraram pelo menos seis meses (estudos de longa duração).

Oito estudos compararam o uso da tecnologia digital mais cuidado usual com cuidado usual isolado. O uso da tecnologia digital pode reduzir a gordura corporal em média 2,63% ao final do estudo. Esta é uma melhoria pequena, mas importante. O efeito sobre outros desfechos permanece incerto.

Sete estudos compararam uma intervenção digital isolada com o cuidado usual isolado. O efeito sobre os desfechos avaliados foram incertos.

Nenhum estudo relatou sobre a segurança desses tratamentos.

Quais são as limitações das evidências?

O significado clínico em longo prazo da redução da gordura corporal alcançada por meio de tecnologia digital combinada ao cuidado usual nessa população permanece incerto devido às evidências limitadas disponíveis. Além disso, não há dados sobre a segurança dessas tecnologias digitais, e as informações existentes não são suficientes para saber se diferentes faixas etárias apresentaram desfechos diferentes.

Até quando as evidências incluídas estão atualizadas?

As evidências estão atualizadas até 14 de abril de 2025.

Palacios C, Hernandez J, Ajmal A, Rodriguez AJ, Hassan AY, Metzendorf M-I, Ramella-Roman JC.

Quais são os efeitos das intervenções psicossociais combinadas e dos medicamentos para ajudar pessoas que consomem uma quantidade excessiva de álcool?

2 weeks ago
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• Em comparação com intervenções psicossociais isoladas, adicionar medicamentos é provavelmente seguro e útil para pessoas com transtorno por uso de álcool (TUA) na redução do consumo de álcool.

• Devido ao número limitado de estudos disponíveis, não sabemos se as intervenções psicossociais e farmacológicas combinadas, quando comparadas a medicamentos isolados ou a nenhuma intervenção ou tratamento usual, são úteis para pessoas com TUA.

• Mais estudos são necessários para analisar os efeitos de intervenções combinadas em comparação com medicamentos isolados ou nenhum tratamento ou cuidado usual.

O que é transtorno por uso de álcool (TUA)?

O TUA é um transtorno mental em que há incapacidade de controlar o consumo de álcool e episódios frequentes de uso descontrolado de álcool, relacionados a um risco aumentado de acidentes de carro, morte prematura e doenças como câncer, cirrose hepática e distúrbios neurológicos.

Como o TUA é tratado?

Intervenções psicossociais e medicamentos são usados para ajudar pessoas com TUA a reduzir o consumo de álcool. As intervenções psicossociais comumente usadas no tratamento de pessoas com TUA são:

• intervenções cognitivo-comportamentais (destinadas a ajudar as pessoas a reconhecer e modificar seus pensamentos e crenças negativas e comportamentos indesejados, por meio de tarefas comportamentais e habilidades para lidar com o desejo de consumir álcool);
• intervenções de manejo de contingências (destinadas a recompensar pessoas que reduzem o consumo de álcool por meio de dinheiro, vales ou prêmios);
• entrevista motivacional (destinada a aumentar a motivação para reduzir o consumo de álcool);
• facilitação de doze passos (intervenções que adaptaram os métodos dos Alcoólicos Anônimos e incentivaram a participação dos Alcoólicos Anônimos).

Dos medicamentos disponíveis, os seguintes foram aprovados pelas principais agências reguladoras:

• acamprosato (recomendado para manter a abstinência);
• dissulfiram (recomendado para manter a abstinência);
• naltrexona (recomendada para atingir e manter a abstinência e reduzir o consumo de álcool).

O que queríamos descobrir?

Queríamos descobrir se a combinação de medicamentos e intervenções psicossociais é mais eficaz do que apenas intervenções psicossociais, apenas medicamentos ou cuidados habituais (educação ou informação sobre o uso de álcool) para ajudar pessoas com TUA a reduzir ou parar de usar álcool.

O que fizemos?

Buscamos estudos nos quais as pessoas foram designadas aleatoriamente a um de dois ou mais grupos de tratamento que comparavam a combinação (medicamentos mais intervenções psicossociais) com intervenção psicossocial isolada, medicamento isolado ou tratamento usual. Resumimos e comparamos os resultados dos estudos, avaliando a certeza das evidências com base em fatores como os métodos utilizados e o tamanho das amostras.

O que encontramos?

Encontramos 21 estudos com 4.746 pessoas com TUA que foram tratadas ambulatorialmente por aproximadamente 4 meses.

Os participantes eram, em sua maioria, homens, com idade aproximada de 44 anos, que relataram beber aproximadamente 12 doses por dia de consumo, correspondendo a aproximadamente 70% dos dias de consumo. Os estudos foram conduzidos nos EUA, Europa e Canadá. A maioria dos estudos recebeu financiamento público.

Encontramos 20 estudos (4.498 participantes) comparando intervenções farmacológicas e psicossociais combinadas com uma intervenção psicossocial isolada. Encontramos apenas um número limitado de estudos e participantes que compararam o tratamento combinado apenas com a medicação (3 estudos; 1.871 participantes) ou com o tratamento usual (2 estudos; 1.623 participantes). Na maioria dos casos, o tratamento combinado consistiu em terapia cognitivo-comportamental como intervenção psicossocial e naltrexona como medicamento.

Comparado apenas às intervenções psicossociais, o tratamento combinado provavelmente reduz o número de pessoas que relatam consumo excessivo de álcool e pode aumentar o número de pessoas que mantêm abstinência contínua. O tratamento combinado provavelmente tem pouco ou nenhum efeito na taxa de dias de abstinência, no risco de efeitos indesejados graves (por exemplo, morte ou eventos que exigem hospitalização) e no número de pessoas que não concluem o tratamento. Pode ter pouco ou nenhum efeito na taxa de dias em que as pessoas consomem grandes quantidades de álcool, no número de doses por dia de consumo de álcool e no risco de efeitos indesejados.

Não temos certeza se o tratamento combinado, quando comparado apenas aos medicamentos, reduz o número de doses por dia. Pode ter pouco ou nenhum efeito na taxa de dias de abstinência e no número de pessoas que não concluem o tratamento por qualquer motivo. Não temos certeza sobre o efeito no número de pessoas que mantêm abstinência contínua, aquelas que consomem grandes quantidades de álcool e aquelas que não concluem o tratamento devido a efeitos indesejados.

Não temos certeza sobre o efeito do tratamento combinado, quando comparado ao tratamento usual, no número de pessoas que consomem grandes quantidades de álcool, que não concluem o tratamento e na taxa de dias de abstinência.

Limitações das evidências

Nossos resultados podem não se aplicar aos vários tipos de pessoas com TUA, a todas as intervenções psicossociais e farmacológicas e países, uma vez que os estudos não analisaram todos os tratamentos disponíveis para TUA e foram realizados principalmente nos EUA e na Europa.

Até que ponto estas evidências estão atualizadas?

As evidências estão atualizadas até novembro de 2023.

Minozzi S, La Rosa GR, Salis F, Camposeragna A, Saulle R, Leggio L, Agabio R

Os antibióticos administrados durante o trabalho de parto previnem infecções em mães e bebês?

2 weeks 5 days ago
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  • Administrar antibióticos a mulheres em trabalho de parto (cujas gestações duraram pelo menos 28 semanas) provavelmente reduz o risco de desenvolver sepse, uma condição potencialmente fatal que ocorre quando o corpo reage exageradamente a uma infecção.

  • A administração de antibióticos desta forma resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de bebês que desenvolvem sepse ou morrem, e provavelmente resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de mulheres que morrem.

  • A evidência sobre os efeitos adversos (ou seja, prejudiciais e indesejados) dos antibióticos preventivos é muito incerta, portanto, não sabemos se este tratamento contribui para o problema da resistência antimicrobiana – quando os antibióticos deixam de ser efetivos no combate a infecções bacterianas.

O que é profilaxia antibiótica e seus benefícios e riscos?

"Profilaxia antibiótica" significa administrar antibióticos para prevenir infecções antes que qualquer sinal apareça. Essa abordagem demonstrou algum benefício na redução de infecções em novas mães e recém-nascidos. No entanto, administrar antibióticos preventivos rotineiramente às mulheres durante o trabalho de parto é controverso devido a preocupações sobre o uso desnecessário de antibióticos e a resistência antimicrobiana.

O que queríamos descobrir?

Queríamos avaliar os efeitos da administração de antibióticos preventivos (ou seja, “profiláticos”) a mulheres durante o trabalho de parto, cujas gestações tinham pelo menos 28 semanas (ou seja, 28 semanas de gestação). Analisamos quantas mulheres e bebês tiveram infecções, particularmente sepse, e quantos morreram.

O que fizemos?

Pesquisamos ensaios que comparassem antibióticos profiláticos com placebo em mulheres grávidas em trabalho de parto após 28 semanas de gestação. Placebo é uma substância inativa que parece idêntica ao antibiótico, mas não tem efeito terapêutico. Isso permite aos pesquisadores medir o verdadeiro impacto da intervenção.

Os estudos incluíram mulheres que planejavam um parto vaginal, desde que não tivessem uma razão médica específica para receber antibióticos (como uma cesárea planejada ou uma infecção conhecida).

Comparamos e resumimos os resultados dos estudos, e avaliamos nossa confiança na evidência, com base em fatores como os métodos e os tamanhos dos estudos.

O que encontramos?

Identificamos quatro estudos envolvendo um total de 42.846 mulheres grávidas. Os estudos foram realizados em 10 países. Bangladesh, Burkina Faso, Camarões, a República Democrática do Congo, a Gâmbia, Guatemala, a Índia, o Quênia, a Zâmbia e o Paquistão, todos países de baixa e média renda.

Aproximadamente metade das mulheres recebeu antibiótico profilático (uma dose única por via oral) e metade recebeu um placebo.

Comparados ao placebo, os antibióticos profiláticos:

  • provavelmente reduz o número de mulheres que desenvolvem sepse;

  • provavelmente resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de mulheres que morrem;

  • resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de recém-nascidos que desenvolvem sepse ou morrem;

  • resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de mulheres que desenvolvem uma infecção da ferida perineal (uma infecção do tecido entre a vagina e o ânus);

  • resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de bebês internados na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN).

Apenas um estudo analisou a resistência antimicrobiana, e não temos confiança em sua evidência. O estudo relatou aumentos de curto prazo em bactérias resistentes a antibióticos encontradas em algumas amostras (por exemplo, leite materno, esfregaços nasais ou vaginais) de mulheres que receberam antibióticos em comparação com aquelas que receberam placebo, mas essas diferenças desapareceram em 13 meses. Em recém-nascidos, a resistência antimicrobiana foi rara.

Quais são as limitações das evidências?

A confiança na evidência foi moderada ou alta para os desfechos relacionados a infecções (incluindo sepse) e mortalidade em mulheres e bebês. Como observado acima, não temos confiança na evidência sobre resistência antimicrobiana Os padrões de resistência antimicrobiana e as práticas de uso de antibióticos variam muito, e os estudos se concentraram principalmente na azitromicina, um antibiótico de amplo espectro, sem avaliar outras opções. O impacto a longo prazo na resistência aos antibióticos permanece muito incerto e requer mais pesquisas.

Quão atual é essa evidência?

A evidência está atualizada até julho de 2024.

Suzuki D, Yamaji N, Nishimura E, Suzuki H, Ishikawa K, Rahman MO, Makama M, Vogel JP, Ota E

Quais abordagens ajudam na recuperação após uma fratura no tornozelo em adultos?

2 weeks 6 days ago
Mensagens principais

- Colocar peso sobre um tornozelo quebrado (fraturado) nas três primeiras semanas após a cirurgia pode melhorar a recuperação. No entanto, essa melhora pode não ser suficiente para resultar em um benefício clinicamente importante.

- Usar um suporte de tornozelo removível (que permite esticar (alongar) e movimentar o tornozelo lesionado) nas primeiras seis semanas após a cirurgia pode favorecer a recuperação. Mas, novamente, pode não ser suficiente para resultar em um benefício clinicamente importante.

- Não há evidência suficientes para avaliar o quanto as intervenções de fisioterapia pode ajudar na recuperação após uma fratura no tornozelo.

Tornozelos quebrados (fraturas de tornozelo)

Um tornozelo quebrado é um dos tipos mais comuns de fratura. Em alguns casos, é necessário fazer uma cirurgia para corrigir o osso quebrado; em outros, basta manter o tornozelo imobilizado por algumas semanas para permitir a cicatrização. Geralmente, o osso leva cerca de seis semanas para se recuperar (consolidar), mas o retorno total as atividades normais pode demorar bem mais Durante esse período de recuperação, diferentes estratégias podem ser usadas para melhorar a movimentação do tornozelo, fortalecer os músculos ou ambos.

Quais abordagens são usadas na recuperação?

- Apoio precoce ou tardio de peso. Algumas pessoas são orientadas a começar a apoiar o peso no tornozelo até três semanas após a cirurgia. Outras precisam evitar totalmente colocar peso sobre o pé nas primeiras seis semanas ou mais.

- Suporte de tornozelo removível ou não removível. Um suporte removível, como uma bota ortopédica ou uma tala, permite retirar o apoio regularmente para alongar e movimentar o tornozelo. Já um gesso tradicional impede qualquer movimento até sua retirada.

- Intervenções de fisioterapia. Incluem diferentes tipos de exercícios para o tornozelo, muitas vezes orientados por um fisioterapeuta, e podem envolver o uso de equipamentos específicos para o fortalecimento e mobilidade.

O que queríamos descobrir?

Queríamos descobrir se alguma dessas abordagens era melhor que a outra para melhorar:

- A função do tornozelo (capacidade de se movimentar, realizar atividades e manejo da dor ou inchaço no tornozelo);

- qualidade de vida.

- satisfação com o tratamento (quão satisfeito alguém está com seu tratamento); e

- dor;

Também queríamos descobrir se alguma dessas abordagens estava associada a um risco maior de cirurgia adicional no tornozelo (em uma data posterior).

O que nós fizemos?

Buscamos estudos que avaliaram diferentes abordagens para melhorar a recuperação após uma fratura de tornozelo. Comparamos e resumimos os resultados dos estudos. Além disso, classificamos a certeza da evidência com base em fatores como o número de participantes e a qualidade dos métodos usados.

O que encontramos?

Encontramos 53 estudos envolvendo 4.489 adultos com tornozelo quebrado (fraturado). A maioria das pessoas incluídas nos estudos havia passado por cirurgia para ajudar a consertar o osso, enquanto outras usaram apenas suportes de tornozelo (sem cirurgia) nas primeiras semanas após a lesão.

Principais resultados

Apoio de peso precoce versus tardio. Apoiar o peso no tornozelo logo nas primeiras semanas após a cirurgia provavelmente melhora levemente a função do tornozelo (embora a diferença possa não ser o suficiente para ser clinicamente importante). Pode também haver uma leve melhora na qualidade de vida, embora, novamente, pode não ser clinicamente importante. Não foi possível saber se houve diferença entre os grupos em relação à satisfação com o tratamento ou à dor. Também parece haver pouca ou nenhuma diferença na quantidade de pessoas que precisaram de uma nova cirurgia.

Suporte de tornozelo removível versus não removível (como gesso).

- Para quem fez cirurgia, o suporte removível pode melhorar a função do tornozelo e a qualidade de vida, embora para ambos os casos, a diferença possa não ser clinicamente importante. Não conseguimos determinar se há diferença na dor entre os tipos de suporte. Além disso, pode haver pouca ou nenhuma diferença entre os suportes de tornozelo quanto à necessidade de nova cirurgia.

- Para quem não precisou de cirurgia, há pouca ou nenhuma diferença entre os tipos de suporte de tornozelo quanto à função do tornozelo ou à qualidade de vida. Também não é incerto se há diferença em relação à dor ou à necessidade de cirurgia mais tarde.

Nenhum dos estudos comparando esses suportes relatou o grau de satisfação dos participantes com o tratamento.

- Intervenções de fisioterapia. Os estudos avaliaram os efeitos de diferentes intervenções de fisioterapia (como diferentes programas de exercícios ou o uso de diferentes equipamentos para exercitar o tornozelo), e por isso, não foi possível comparar os resultados de forma confiável. A maioria dos estudos era pequena e não mostrou claramente se alguma abordagem era melhor que outra. Nenhum deles relatou quantas pessoas precisaram de cirurgia posteriormente.

Quais são as limitações das evidências?

Nem sempre foi possível ter confiança nas evidências, porque os participantes sabiam qual tratamento estavam recebendo. Algumas descobertas indicaram que pode ter havido pouca ou nenhuma diferença entre os grupos. Além disso, muitos estudos incluíram poucos participantes, e as intervenções eram muito diferentes umas das outras.

Até quando as evidências incluídas estão atualizadas?

As evidências estão atualizadas até março de 2023.

Lewis SR, Pritchard MW, Parker R, Searle HKC, Beckenkamp PR, Keene DJ, Bretherton C, Lin C-WC

Os programas oferecidos por organizações esportivas promovem comportamentos saudáveis e melhoram a saúde das pessoas?

2 weeks 6 days ago
Mensagens principais

• Os programas de organizações esportivas provavelmente levam as pessoas a serem ligeiramente mais fisicamente ativas.

• Os programas de organizações esportivas podem fazer pouca ou nenhuma diferença na quantidade de tempo em que as pessoas ficam inativas (sedentárias). Eles podem aumentar a quantidade de frutas e vegetais que as pessoas comem.

• Não sabemos se os programas de organizações esportivas fazem alguma diferença no consumo de bebidas açucaradas, de bebidas alcoólicas ou o uso de tabaco, pois a evidência é muito incerta.

O que são comportamentos saudáveis e por que eles são importantes?

As doenças crônicas são a principal causa de morte e adoecimento no mundo. Essas doenças podem ser evitadas quando adotamos hábitos saudáveis, como ter uma boa alimentação e fazer atividade física regularmente As organizações esportivas são populares em muitos países. Por isso, podem ser um bom caminho para incentivar comportamentos saudáveis e melhorar a saúde das pessoas.

O que queríamos descobrir?

Queríamos saber se os programas conduzidos dentro de organizações esportivas são efetivos na promoção de comportamentos saudáveis e na melhoria da saúde das pessoas. Esses programas podiam ser voltados a atletas, membros não praticantes, treinadores, torcedores, estudantes, pais de jogadores e outras pessoas ligadas às organizações esportivas.

O que nós fizemos?

Procuramos estudos que compararam grupos de pessoas que participaram de programas voltados a comportamentos saudáveis com grupos que não participaram desses programas (grupos de controle). Os estudos elegíveis precisavam testar um programa que visasse promover um comportamento saudável (como atividade física ou alimentação saudável), reduzir um comportamento não saudável (como o consumo de álcool ou tabagismo), ou melhorar desfechos como peso, pressão arterial ou conhecimento das pessoas relacionado à saúde.

O que nós encontramos?

Encontramos 20 estudos, envolvendo um total de 8179 pessoas. A maioria dos estudos foi direcionado a membros ou torcedores adultos de organizações esportivas e foram conduzidos em clubes de futebol (por exemplo, futebol, futebol americano, liga australiana de futebol). Quatorze estudos avaliaram programas direcionados a um ou mais comportamentos saudáveis ou não saudáveis. Todos os 20 estudos foram conduzidos em países de alta renda. Mais da metade dos estudos (11 estudos) incluiu apenas homens, e um estudo incluiu apenas mulheres.

Principais resultados

Em comparação com as pessoas que não participaram dos programas, aquelas envolvidas em programas de organizações esportivas:

• provavelmente aumentaram sua atividade física em 7,4 minutos por dia;
• podem não ter reduzido a quantidade de tempo em que permaneceram inativos (sedentários);
• podem ter comido mais frutas e vegetais.

No entanto, é incerto se os programas de organizações esportivas tiveram impacto no consumo de bebidas açucaradas, o consumo de álcool ou o uso de tabaco.

Também é incerto se os programas de clubes esportivos tiveram quaisquer consequências indesejadas e prejudiciais para as pessoas envolvidas. Poucos estudos avaliaram esse ponto, e os resultados foram diferentes entre eles.

Quais são as limitações das evidências?

Nossa confiança na evidência variou de moderada a muito baixa; novos estudos podem mudar nossos resultados. Quatro fatores principais reduziram nossa confiança. Primeiro, alguns estudos se concentraram em populações específicas, enquanto a pergunta que queríamos responder era mais ampla. Por exemplo, a maior parte da evidência para nossos desfechos principais (incluindo quaisquer mudanças na atividade física/inatividade e consumo de frutas, vegetais e bebidas açucaradas) vieram de estudos que envolveram homens com fatores de risco relacionados à saúde, como sobrepeso e obesidade, e torcedores de futebol do sexo masculino. Em segundo lugar, em alguns estudos, as pessoas estavam cientes de qual tratamento estavam recebendo, e outros estudos não relataram claramente se os participantes estavam cientes do tratamento que estavam recebendo. Terceiro, os resultados foram muito inconsistentes entre os estudos para alguns desfechos. Por fim, alguns tinham poucos participantes.

Até quando as evidências incluídas estão atualizadas?

As evidências estão atualizadas até maio de 2024.

Hodder RK, O'Brien KM, Al-Gobari M, Flatz A, Borchard A, Klerings I, Clinton-McHarg T, Kingsland M, von Elm E

O treinamento em primeiros socorros para leigos é efetivo?

2 weeks 6 days ago
Mensagens principais
  • Ainda não sabemos se o treinamento em primeiros socorros para leigos (pessoas sem educação formal na área da saúde) melhora os desfechos de saúde das pessoas que recebem primeiros socorros, a qualidade dos primeiros socorros prestados, ou o comportamento de ajuda (isto é, a ação de prestar socorro a outra pessoa) dos leigos que prestam esses socorros.

  • O treinamento em primeiros socorros para leigos provavelmente aumenta, no curto prazo (até um mês após o treinamento), o conhecimento, as habilidades e a confiança das pessoas em sua própria capacidade de agir em uma emergência. No entanto, ainda não sabemos se esse tipo de treinamento aumenta a disposição para ajudar em situações reais.

  • Pesquisas futuras devem focar em aspectos importantes para os tomadores de decisão, como:

    • padronizar questionários e outras medidas para avaliar o conhecimento, as habilidades e as atitudes relacionadas a primeiros socorros;

    • investigar os efeitos de longo prazo do treinamento, incluindo os custos e possíveis efeitos indesejados; e

    • avaliar o impacto do treinamento em primeiros socorros em países de baixa e média-baixa renda.

O que é o treinamento em primeiros socorros?

Os primeiros socorros envolvem cuidados básicos prestados a uma pessoa doente ou ferida antes da chegada de ajuda profissional. O treinamento em primeiros socorros é uma atividade de aprendizado (por exemplo, curso ou programa) com objetivo de melhorar o conhecimento, as habilidades ou as atitudes sobre a prestação de primeiros socorros.

O que queríamos descobrir?

Queríamos descobrir se o treinamento em primeiros socorros para leigos é melhor do que outro tipo de treinamento, ou do que não receber nenhum treinamento, para melhorar:

  • a saúde das pessoas que recebem primeiros socorros;

  • a qualidade dos primeiros socorros prestados;

  • o comportamento de ajuda em situações reais de emergência; e

  • o conhecimento e as habilidades em primeiros socorros, a autoeficácia (definida como a crença do indivíduo em sua capacidade de prestar primeiros socorros) e a disposição para ajudar entre os participantes que receberam o treinamento.

Também queríamos saber sobre os custos do treinamento em primeiros socorros para leigos e se havia qualquer efeito indesejado.

O que fizemos?

Buscamos por estudos que compararam o treinamento em primeiros socorros para leigos com outro tipo de treinamento (como primeiros socorros em saúde mental ou prevenção do HIV) ou nenhum treinamento. Combinamos os resultados dos estudos encontrados e avaliamos a certeza da evidência, considerando os métodos e os tamanhos dos estudos.

O que encontramos?

Encontramos 36 estudos, com 15.657 pessoas sem formação profissional na área da saúde. Dezessete estudos incluíram adultos, e 19 estudos incluíram crianças ou adolescentes. Os estudos foram realizados em diferentes países. A maioria foi realizada em países de alta ou média renda (metade deles nos EUA). Apenas dois estudos foram realizados em um país de baixa renda (Nigéria).

Nenhum estudo apresentou evidências sobre os efeitos do treinamento em primeiros socorros nos desfechos de saúde de pessoas que recebem os primeiros socorros ou na qualidade dos primeiros socorros prestados em situações reais de emergência. Um estudo, com 3.070 pessoas, analisou o comportamento de ajuda de leigos, mas não apresentou dados suficientes para determinar se esse comportamento é afetado pelo treinamento em primeiros socorros.

Em comparação com outro tipo de treinamento ou nenhum treinamento, a curto prazo (até um mês após o treinamento), o treinamento em primeiros socorros para leigos provavelmente aumenta:

  • o conhecimento (8 estudos, 3.515 participantes);

  • as habilidades (12 estudos, 3.063 participantes); e a

  • autoeficácia (confiança da pessoa em sua capacidade de prestar socorro) (2 estudos, 285 participantes).

No entanto, não sabemos sobre o efeito, a curto prazo, do treinamento em primeiros socorros na disposição para ajudar (2 estudos, 1.083 participantes).

Quais são as limitações das evidências?

Não temos certeza se o treinamento em primeiros socorros aumenta o comportamento de ajuda, pois a evidência se baseia em apenas um estudo, que incluiu poucas oportunidades de ajudar. Temos confiança moderada de que o treinamento em primeiros socorros melhora, a curto prazo, o conhecimento, as habilidades e a autoeficácia de pessoas leigas. No entanto, nem todos os estudos descreveram claramente se a alocação dos participantes ao treinamento foi realizada de forma aleatória. Alguns participantes podem ter tido conhecimento sobre sua designação para o grupo de intervenção ou controle, e há insuficiência de informações acerca da validade e confiabilidade dos instrumentos de medição utilizados. Nossa confiança é baixa na evidência sobre o aumento da disposição para ajudar. Alguns participantes podem ter dito que estavam mais dispostos a ajudar apenas por acharem que essa era a resposta “correta”, mas não há estudos suficientes para confirmar este resultado.

Até quando as evidências incluídas estão atualizadas?

As evidências estão atualizadas até dezembro de 2024.

Kendall I, Laermans J, D'aes T, Borra V, McCaul M, Aertgeerts B, De Buck E

As intervenções para impedir que crianças e adolescentes usem cigarros eletrônicos funcionam?

1 month ago
Mensagens‐chave

Atualmente, não há ensaios clínicos randomizados publicados que avaliem o impacto de intervenções para prevenir ou cessar o uso de cigarros eletrônicos entre crianças e adolescentes. No entanto, encontramos 22 estudos desse tipo em andamento, que parecem ser elegíveis para futuras atualizações desta revisão e podem trazer mais respostas.

O que queríamos saber?

Queríamos descobrir quão eficazes são as intervenções para prevenir ou cessar (ou seja, parar) o uso de cigarros eletrônicos por crianças e/ou adolescentes. Também queríamos saber qual o efeito dessas intervenções no uso de tabaco por esse público e se elas trazem alguma consequência relacionada à saúde das crianças e/ou adolescentes, ou nas organizações onde essas intervenções estavam sendo realizadas.

O que nós fizemos?

Buscamos todas as evidências disponíveis provenientes de ensaios clínicos randomizados (um tipo de estudo em que os participantes são designados aleatoriamente para um de dois ou mais grupos de tratamento) para responder às perguntas da revisão.

O que nós encontramos?

Realizamos a busca por estudos em 1º de maio de 2023 e não encontramos nenhum estudo publicado. No entanto, encontramos 22 estudos em andamento, que provavelmente serão incluídos em futuras atualizações da revisão. Como não encontramos estudos elegíveis para inclusão, não sabemos quão eficazes são as intervenções para prevenir ou cessar o uso de cigarros eletrônicos por crianças e/ou adolescentes.

Quão atualizadas estão essas evidências?

Essas evidências estão atualizadas até 1º de maio de 2023.

Esta é uma revisão sistemática viva. Realizamos buscas mensais de novas evidências e atualizamos a revisão quando identificamos novas evidências relevantes. Consulte o Cochrane Database of Systematic Reviews para verificar o status atual desta revisão.

Barnes C, Turon H, McCrabb S, Hodder RK, Yoong SL, Stockings E, Hall AE, Bialek C, Morrison JL, Wolfenden L

O risco de morte difere entre pacientes adultos do sexo feminino e do sexo masculino com embolia pulmonar (um coágulo sanguíneo nos pulmões)?

1 month ago
Mensagens principais

Concluímos que não há certeza se o sexo (se o paciente é homem ou mulher) é um fator preditivo independente do risco de morte em pessoas com embolia pulmonar (um coágulo sanguíneo nos pulmões), visto que nossa revisão encontrou resultados contraditórios.

- Observamos uma pequena, porém importante, redução na mortalidade por todas as causas em 30 dias após embolia pulmonar em pacientes do sexo feminino em comparação com pacientes do sexo masculino. No entanto, em pacientes do sexo feminino, pode haver um pequeno, mas importante, aumento na mortalidade hospitalar por qualquer causa. Não encontramos praticamente nenhuma diferença entre pacientes do sexo masculino e feminino em relação à mortalidade especificamente relacionada à embolia pulmonar em 30 dias. Temos um nível de confiança moderado a baixo nesses resultados.

- É necessário realizar mais pesquisas de boa qualidade para esclarecer se existe diferença entre homens e mulheres na probabilidade de morte após embolia pulmonar. Nossa análise apresenta sugestões sobre como essa pesquisa deve ser conduzida.

O que é embolia pulmonar?

Um coágulo sanguíneo é uma massa de células sanguíneas que se forma nos vasos sanguíneos. Os coágulos sanguíneos podem proteger contra sangramentos, mas também podem causar problemas. A embolia pulmonar ocorre quando coágulos sanguíneos se desprendem de sua origem e se deslocam até os pulmões, onde podem causar um bloqueio na circulação sanguínea.

A embolia pulmonar pode ser fatal. É a terceira causa mais frequente de morte cardiovascular (depois do ataque cardíaco e do acidente vascular cerebral) e a principal causa evitável de morte em pacientes hospitalizados.

O que queríamos descobrir?

Esta revisão Cochrane teve como objetivo determinar se o sexo (ser paciente do sexo feminino ou masculino), por si só, pode prever o risco de morte em adultos com embolia pulmonar.

O que nós fizemos?

Buscamos estudos que avaliassem se existe uma associação (independente de outros fatores) entre sexo e mortalidade em adultos com embolia pulmonar. Comparamos e resumimos os resultados dos estudos que identificamos e classificamos nossa confiança nas evidência com base em fatores como métodos e tamanhos das amostras dos estudos.

O que nós encontramos?

Encontramos sete estudos relevantes envolvendo 726.293 participantes. Os estudos serviram de base para três desfechos da revisão: óbito hospitalar por qualquer causa ('mortalidade hospitalar por todas as causas'); óbito ocorrido por qualquer causa desde o momento do diagnóstico de embolia pulmonar ou início do tratamento até 30 dias depois ('mortalidade por todas as causas em 30 dias'); e óbito devido a embolia pulmonar ocorrido entre o momento do diagnóstico de embolia pulmonar ou início do tratamento e 30 dias depois ('mortalidade relacionada à embolia pulmonar em 30 dias'). Nenhum estudo avaliou nossos outros desfechos de interesse (por exemplo, óbito no período de um ano).

Resultados principais

Os estudos analisaram registros médicos antigos de pacientes que foram tratados em hospitais entre 2000 e 2018, nos EUA, na Espanha ou no Japão. A maioria dos estudos foi realizada em vários hospitais. Não foram realizados estudos em países de baixa ou média renda. Os participantes de cada estudo tinham uma idade média superior a 60 anos, e a maioria apresentava embolia pulmonar sintomática.

Constatamos que, em pacientes do sexo feminino com embolia pulmonar, provavelmente há uma pequena, mas importante, redução na mortalidade por todas as causas em 30 dias (2 estudos, 17.627 participantes) quando comparada a pacientes do sexo masculino. Por outro lado, também descobrimos que, para pacientes do sexo feminino, pode haver um pequeno, mas importante aumento na mortalidade hospitalar por todas as causas (3 estudos, 611.210 participantes), e pode haver pouca ou nenhuma diferença entre os sexos na mortalidade relacionada à embolia pulmonar em 30 dias (2 estudos, 3.524 participantes). Devido aos resultados mistos e às lacunas de informação (por exemplo, muitos dos nossos desfechos não foram medidos), não foi possível chegar a conclusões confiáveis ​​sobre se o risco de morte após uma embolia pulmonar pode ser previsto com base no sexo do paciente (masculino ou feminino).

Quais são as limitações das evidências?

As evidências são limitadas pelo pequeno número de estudos, pelas descrições deficientes de como foram conduzidos e pela inclusão de estudos que coletaram informações de pacientes a partir de bancos de dados administrativos, como registros hospitalares ou de seguros. No futuro, quando mais estudos forem realizados e incluídos em uma atualização desta revisão, nossas conclusões poderão diferir dos resultados aqui apresentados.

Até que ponto estas evidências estão atualizadas?

As evidência baseiam-se em buscas realizadas até 17 de fevereiro de 2023.

Jimenez Tejero E, Lopez-Alcalde J, Correa-Pérez A, Stallings E, Gaetano Gil A, del Campo Albendea L, Mateos-Haro M, Fernandez-Felix BM, Stallings R, Alvarez-Diaz N, García Laredo E, Solier A, Fernández-Martínez E, Morillo Guerrero R, de Miguel M, Perez R…

Uso de intervenções psicológicas em mulheres diagnosticadas e em tratamento para câncer de mama não metastático

1 month ago
Pergunta da revisão

Revisamos as evidências sobre os efeitos de intervenções psicológicas no impacto psicológico e na qualidade de vida entre mulheres com câncer de mama não metastático (ou seja, câncer que não se espalhou além da mama). Os autores da revisão Cochrane coletaram e analisaram todos os estudos relevantes para responder a essas perguntas e encontraram 60 estudos.

Contexto

O câncer de mama é o câncer mais comum que afeta mulheres no mundo todo. Por ser um diagnóstico angustiante, pesquisas consideráveis examinaram as consequências psicológicas de ser diagnosticado e tratado para o câncer de mama. O diagnóstico e o tratamento do câncer de mama podem causar depressão e ansiedade e reduzir a qualidade de vida. Como resultado, várias intervenções psicológicas têm sido usadas para ajudar a lidar com o sofrimento psicológico experimentado após o diagnóstico.

Características dos estudos
As evidências estão atualizadas até março de 2021. Uma intervenção pode ser realizada em um cenário envolvendo um grupo (intervenção em grupo), como contato individual entre um terapeuta e um paciente (intervenção individual) ou na forma de terapia de casal, onde a paciente e seu cônjuge participam das sessões de terapia (intervenção de casal). O grupo controle poderia receber folhetos educativos ou ter acesso a seminários ou aulas de relaxamento. 

Foi realizada uma busca abrangente da literatura e foram incluídos 60 estudos envolvendo 7.998 participantes. A maioria das intervenções foi baseada na terapia cognitivo-comportamental, que envolve mudar os pensamentos e o comportamento de uma pessoa. Em geral, os métodos para avaliar os desfechos (como ansiedade, depressão, qualidade de vida) após a intervenção e o momento dessas avaliações não foram uniformes entre os estudos.

Principais resultados

Mulheres que receberam terapia psicológica apresentaram redução de depressão, ansiedade, distúrbios de humor e estresse, além de melhora na qualidade de vida em comparação ao grupo controle. O efeito da terapia psicológica no enfrentamento e na sobrevida não pôde ser determinado porque poucos estudos coletaram ou relataram esses desfechos. 

Eventos adversos não foram relatados ou estudados em nenhum dos estudos incluídos.

Pesquisas futuras devem ter como objetivo fornecer evidências para que as pessoas tomem decisões informadas sobre os efeitos desses tratamentos e se são sustentáveis ​​após a descontinuação da terapia.

Certeza da evidência

A certeza da evidência para cada desfecho era baixa. As intervenções variaram entre os estudos, assim como os métodos e o momento das medidas de desfecho e cuidados recebidos dentro dos grupos controle.

Jassim GA, Doherty S, Whitford DL, Khashan AS

Quais são os benefícios e os malefícios dos corticosteroides no tratamento de crianças e adultos com sépsis?

1 month 4 weeks ago
Mensagens-chave

- Comparativamente ao placebo ou aos cuidados habituais, os corticosteroides reduzem provavelmente o risco de morte aos 28 dias e de morte intra-hospitalar, e podem ter pouco ou nenhum efeito no risco de morte para além dos três meses.

- Não temos a certeza sobre os efeitos da infusão intravenosa contínua de corticosteroides em comparação com a administração intermitente de bólus intravenosos (injeção rápida).

- Estudos futuros devem avaliar os benefícios e os malefícios dos corticosteroides no tratamento de populações específicas, incluindo crianças, doentes com sépsis sem choque ou com uma forma ligeira de choque sético, doentes com síndrome de dificuldade respiratória aguda (SDRA) e doentes com diferentes tipos de infeções. A definição dos métodos ideais para a administração de corticosteroides, incluindo os tipos de molécula - com ou sem produção de retenção de sódio e fluidos e excreção de potássio (atividade mineralocorticoide), o momento de início, a dose e a duração, infusão contínua ou bólus intravenosos intermitentes, e o fim do tratamento - com ou sem diminuição gradual da dose até zero, também requerem estudos adicionais. Estudos futuros devem medir os efeitos a longo prazo, ou seja, mais de um ano, na sobrevivência e nas complicações da sépsis.

O que é a sépsis?

A sépsis ocorre quando uma infeção é acompanhada por falência dos órgãos. As pessoas desenvolvem respiração rápida, hipotensão (tensão arterial baixa) e confusão mental. A sépsis pode interferir com a eficácia dos corticosteroides do corpo, que controlam a forma como o corpo reconhece e se defende contra bactérias, vírus e substâncias que parecem estranhas e nocivas.

O que são corticosteroides (medicamento)?

Os corticosteroides são medicamentos utilizados para parar a inflamação excessiva. No entanto, estes medicamentos podem causar danos indesejáveis, como aumento dos níveis de açúcar ou sal no sangue, infeções, hemorragias no estômago, agitação ou delírio e fraqueza dos membros. Corticosteroides têm sido administrados há décadas a pessoas com infeções por várias causas.

O que pretendíamos descobrir?

Queríamos descobrir:

- os benefícios da utilização de corticosteroides em crianças e adultos com sépsis; e

- as melhores formas de administrar este tratamento (incluindo as melhores pessoas a quem o administrar).

Também queríamos saber se os corticosteroides podem causar efeitos indesejáveis.

O que fizemos?

Procurámos por estudos que comparassem:

- corticosteroides administrados por via intravenosa contra um tratamento "falso", ou tratamento simulado, que não contém qualquer medicamento mas tem um aspeto ou sabor idêntico ao dos corticosteroides, ou cuidados habituais; ou

- infusão contínua contra injeções intravenosas rápidas intermitentes (bólus) de administração de corticosteroides.

Comparámos e resumimos os seus resultados e classificámos a nossa confiança na evidência, com base em fatores como a metodologia e o tamanho dos estudos.

O que descobrimos?

Esta revisão inclui 87 estudos (24.336 participantes). O maior estudo foi realizado com 3.800 pessoas e o mais pequeno com 21 pessoas. Oitenta e três ensaios clínicos compararam corticosteroides com não corticosteroides (placebo ou cuidados habituais em 59 e 24 ensaios clínicos, respetivamente). Quatro ensaios também compararam a administração contínua versus a injeção intravenosa rápida (ou seja, bólus) de corticosteroides administrados em intervalos fixos de seis ou oito horas. Trinta e três ensaios foram realizados na Europa, 15 na América do Norte, 22 na Ásia, seis no Médio Oriente, seis em África e três na América Latina; quatro eram ensaios multinacionais.

Três ensaios foram financiados por uma empresa farmacêutica, 27 por organizações públicas ou através de financiamento de caridade e seis tanto por uma empresa farmacêutica como por organizações públicas ou financiamento de caridade; 25 não declararam a fonte de financiamento.

Comparados com placebo ou cuidados habituais, os corticosteroides provavelmente reduzem o risco de morte em 28 dias em 10% (72 estudos; 22.915 participantes), com efeitos consistentes entre crianças e adultos. É possível que os corticosteroides tenham pouco ou nenhum efeito sobre o risco de morte a longo prazo (mais de três meses), mas estes resultados são menos seguros. Os corticosteroides reduzem provavelmente o risco de morte no hospital. Os corticosteroides podem resultar numa redução do tempo de permanência na unidade de cuidados intensivos (UCI) e no hospital. Não podem aumentar o risco de superinfeção (segunda infeção). As evidências são muito incertas quanto ao efeito dos corticosteroides no risco de fraqueza muscular.

- Não temos a certeza sobre os efeitos da infusão intravenosa contínua de corticosteroides em comparação com a administração intermitente de bólus intravenosos (injeção rápida). Quatro estudos apresentaram dados para esta comparação, e o grau de certeza da evidência para todos os resultados foi muito baixo.

Quais são as limitações da evidência?

Corticosteroides versus placebo ou cuidados habituais

Temos uma confiança moderada nas nossas conclusões de que os corticosteroides reduziram a mortalidade aos 28 dias. Encontrámos algumas diferenças entre as populações estudadas, os tipos de corticosteroides e a forma como foram administrados, e a utilização de medicamentos adicionais.

- Infusão contínua versus administração em bólus de corticosteroides

Temos muito pouca confiança nas nossas conclusões sobre a ausência de uma diferença na mortalidade a 28 dias entre a administração de corticosteroides de forma contínua e injeções intravenosas rápidas repetidas. Encontrámos apenas quatro estudos que incluíam muito poucos doentes.

Quão atualizada se encontra esta evidência?

A evidência providenciada por esta revisão encontra-se atualizada até julho de 2023.

Annane D, Briegel J, Granton D, Bellissant E, Bollaert PE, Keh D, Kupfer Y, Pirracchio R, Rochwerg B

Quais são os benefícios e os malefícios dos probióticos na prevenção da diarreia associada ao Clostridioides difficile em adultos e crianças que estejam a receber antibióticos por qualquer motivo?

1 month 4 weeks ago
Mensagens-chave
  • Nas pessoas a quem são prescritos antibióticos, os probióticos podem ser eficazes na prevenção da diarreia associada a Clostridioides difficile (CDAD) e podem reduzir o risco de diarreia associada a antibióticos.

  • Os probióticos provavelmente não causam danos quando tomados com um antibiótico, com menos efeitos indesejáveis ligeiros a moderados no grupo que recebe probióticos do que no grupo que recebe placebo (tratamento simulado) ou nenhum tratamento.

  • Nas pessoas que tomam antibióticos e que não têm um sistema imunitário enfraquecido, a utilização a curto prazo de probióticos pode oferecer um pequeno benefício e provavelmente não é prejudicial. No entanto, são necessários mais estudos de grande dimensão que comparem os probióticos com placebo em pessoas com um baixo risco de DACD.

O que é Diarreia associada a Clostridioides difficile -(CDAD) ?

Os antibióticos são dos medicamentos mais prescritos em todo o mundo. O tratamento com antibióticos pode perturbar o equilíbrio dos organismos que normalmente povoam o intestino. Isto pode resultar numa série de sintomas, nomeadamente diarreia. O C difficile é um organismo particularmente perigoso que pode colonizar e infetar o intestino se o equilíbrio microbiano tiver sido perturbado. Os efeitos da infeção por C difficile podem variar, sendo que algumas pessoas não apresentam sintomas e outras sofrem de diarreia, inflamação grave, aumento do cólon ou mesmo morte. O custo do tratamento é dispendioso e o encargo financeiro para o sistema médico é substancial.

O que são probióticos?

Os probióticos são microrganismos vivos (bactérias ou leveduras) que proporcionam benefícios para a saúde quando administrados em quantidades adequadas. Ajudam a prevenir potenciais perturbações do equilíbrio microbiano intestinal associadas à utilização de antibióticos e a reduzir o risco de desenvolvimento de bactérias nocivas. Os probióticos podem ser encontrados em suplementos dietéticos ou iogurtes e estão amplamente disponíveis em cápsulas vendidas em lojas de produtos naturais e supermercados. Como "alimentos funcionais" ou "bactérias boas", os probióticos têm sido sugeridos como um meio de prevenir e tratar a DACD.

O que pretendíamos descobrir?

Queríamos saber se os probióticos previnem a DACD em adultos e crianças que recebem terapia antibiótica, e se os probióticos causam quaisquer efeitos indesejáveis. Os investigadores fizeram uma pesquisa exaustiva na literatura médica até 3 de março de 2025.

O que fizemos?

Procurámos estudos que comparassem probióticos (qualquer estirpe ou dose) versus placebo (tratamento simulado), tratamento preventivo alternativo ou nenhum tratamento para a prevenção da DACD em adultos e crianças a receberem antibioterapia por qualquer motivo. Comparámos e resumimos os resultados dos estudos e classificámos a nossa confiança na evidência com base em fatores como a metodologia e o tamanho dos estudos.

O que descobrimos?

Incluímos 47 estudos com um total de 15.260 adultos e crianças que receberam terapia antibiótica juntamente com probióticos, avaliando o crescimento de CDAD ou C difficile . Trinta e oito estudos (13.179 participantes) avaliaram a eficácia dos probióticos na prevenção da DACD. Os nossos resultados sugerem que os probióticos podem resultar numa pequena redução do risco de DACD em comparação com o placebo ou a ausência de tratamento.

Os probióticos podem resultar numa pequena redução do crescimento de C difficile (16 estudos, 1.302 participantes). Trinta e sete estudos (11.911 participantes) analisaram os efeitos indesejáveis. Os nossos resultados mostram que os probióticos resultam provavelmente numa pequena redução do risco de desenvolver efeitos indesejáveis em comparação com o placebo ou a ausência de tratamento. Os efeitos indesejáveis mais frequentemente notificados incluíram cólicas abdominais, náuseas, febre, fezes moles, flatulência (gases) e perturbações do paladar, e foram mais comuns no grupo placebo ou sem tratamento. Quarenta estudos (13.419 participantes) relataram diarreia associada a antibióticos (DAA); os probióticos podem resultar numa grande redução do risco de DAA em comparação com placebo ou nenhum tratamento. Sete estudos (6.553 participantes) que avaliaram o tempo de internamento hospitalar mostraram provavelmente pouca ou nenhuma diferença entre probióticos e placebo ou nenhum tratamento.

Quais são as limitações da evidência?

Os estudos que analisámos utilizaram diferentes tipos de probióticos, mas não compararam diretamente um probiótico com outro. Esta falta de comparações diretas torna mais difícil determinar qual o probiótico que funciona melhor.

A nossa confiança na evidência disponível é moderada a reduzida. A nossa confiança é limitada porque, em alguns estudos, as pessoas que abandonaram o estudo ou que não foram seguidas deram origem a informações em falta. Os dois maiores estudos da nossa análise não mostraram um benefício claro dos probióticos na prevenção da DACD.

Quão atualizada se encontra esta evidência?

A evidência encontra-se atualizada até 3 de março de 2025.

Esmaeilinezhad Z, Ghosh NR, Walsh CM, Steen JP, Burgman AM, Mertz D, Johnston BC

Acrescentar a pulverização residual interior em comunidades que utilizam redes mosquiteiras tratadas com inseticida para a prevenção da malária

1 month 4 weeks ago
Qual foi o objetivo desta revisão?

A pulverização residual de interiores (PRI) é a aplicação regular de inseticidas químicos nas paredes das habitações. O inseticida dura vários meses, matando os mosquitos que pousam neles. Os mosquiteiros tratados com inseticida (MTI) são redes de cama tratadas com inseticidas, que impedem os mosquitos de picar as pessoas e reduzem a população de mosquitos. Ambas as intervenções ajudam a controlar a malária, reduzindo o número de pessoas que são picadas por mosquitos infetados com malária. A aplicação da pulverização intradérmica em comunidades que utilizam mosquiteiros tratados com inseticida pode ser melhor para o controlo da malária do que a utilização de mosquiteiros tratados com inseticida isoladamente, simplesmente porque duas intervenções podem ser melhores do que uma; mas também porque pode melhorar o controlo da malária onde os mosquitos se tornaram resistentes aos inseticidas piretroides utilizados nos mosquiteiros tratados com inseticida. Os piretroides foram a única classe de inseticidas aprovada para utilização nos MTI até 2018, mas a crescente resistência dos mosquitos aos piretroides prejudica a sua eficácia. A adição da pulverização intravenosa poderá contrariar esta redução da eficácia dos MTI e contribuir para retardar o aparecimento de resistência aos piretroides. Seria de esperar que os inseticidas IRS que têm um modo de atuação diferente do dos piretroides ("não piretroides") pudessem recuperar a eficácia melhor do que os que têm o mesmo modo de atuação ("piretroides"). O objetivo desta revisão foi resumir o impacto da pulverização intravenosa com piretroides ou sem piretroides na malária, quando implementada em comunidades que utilizam MTI.

Mensagens-chave

A adição de IRS utilizando um inseticida do tipo não piretroide foi associada a uma redução da prevalência da malária. A incidência da malária também pode ser reduzida em média, mas este efeito não se verificou em dois estudos e, consequentemente, permanece alguma incerteza quanto à eficácia da intervenção em todos os contextos.

Quando um inseticida do tipo piretroide foi utilizado para a pulverização, os dados eram limitados, mas não foi demonstrado qualquer efeito adicional.

O que foi estudado nesta revisão?

Procurámos estudos que avaliassem o impacto na transmissão da malária quando a pulverização intradérmica, utilizando uma dosagem recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), foi implementada em comunidades que utilizavam mosquiteiros tratados com inseticida ou mosquiteiros normais tratados com inseticida numa dose recomendada pela OMS. Considerámos os efeitos nos resultados da saúde humana e nas populações de mosquitos.

Quais foram os principais resultados da revisão?

No total, identificámos 10 estudos que correspondiam aos nossos critérios de inclusão, a partir dos quais efetuámos 12 comparações. Sete estudos (que proporcionaram oito comparações) utilizaram um IRS não do tipo piretroide durante todo o estudo. Cada uma delas foi realizada em zonas onde os vetores foram descritos como resistentes ou altamente resistentes aos piretroides. Dois estudos (com duas comparações) utilizaram um IRS do tipo piretroide em todo o processo. Um outro estudo utilizou uma pulverização de tipo piretroide no primeiro ano de estudo e mudou para uma pulverização de tipo não piretroide nos anos seguintes, proporcionando assim duas comparações diferentes. Todos os estudos foram realizados na África subsariana.

A adição de IRS do tipo não piretroide em comunidades que utilizam MTI parece melhorar os resultados da malária na maioria dos contextos. De um modo geral, os resultados dos oito estudos incluídos revelaram uma menor prevalência de parasitas da malária, embora possa haver uma redução da incidência da malária e da prevalência da anemia. Não sabemos se existe um impacto no número de picadas infetadas recebidas por pessoa por ano.

Quando se adiciona a FII do tipo piretroide em comunidades que utilizam MTI, os dados de três estudos indicam que provavelmente não há efeito na incidência da malária ou na prevalência de parasitas, e pode haver pouco ou nenhum efeito na prevalência de anemia. Os dados sobre o número de picadas infetadas recebidas por pessoa e por ano eram demasiado limitados para se poder chegar a uma conclusão.

Quão atualizada se encontra esta revisão?

Procurámos estudos relevantes até 8 de novembro de 2021.

Pryce J, Medley N, Choi L

Que fatores influenciam as opiniões e práticas dos prestadores de cuidados e dos adolescentes relativamente à vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) para adolescentes?

1 month 4 weeks ago
Mensagens-chave

- Muitos fatores complexos podem influenciar as opiniões e ações dos prestadores de cuidados e dos adolescentes sobre a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) para adolescentes. Dividimo-las em 8 temas relacionados com os conhecimentos e as perceções individuais, as relações familiares e sociais e os contextos mais amplos em que vivem os prestadores de cuidados e os adolescentes.

- Os planeadores de cuidados de saúde e os responsáveis pela elaboração de políticas podem utilizar os temas para os ajudar a compreender os contextos específicos em que as pessoas tomam decisões sobre a vacinação contra o HPV. Isto pode ajudá-los a conceber formas mais relevantes e eficazes de promover a aceitação e a adesão à vacinação.

O que é o papilomavírus humano (HPV) e porquê vacinar-se contra ele?

O HPV é a principal causa de cancro do colo do útero nas mulheres e também provoca verrugas genitais e vários tipos de cancro em pessoas de todos os sexos. A vacinação dos adolescentes (jovens com idades compreendidas entre os 9 e os 19 anos) é uma das formas mais eficazes de prevenir estas doenças.

Porque é que é importante compreender o que afeta as decisões dos prestadores de cuidados e dos adolescentes relativamente à vacinação contra o HPV?

Para serem bem sucedidos, os programas de vacinação contra o HPV dependem de níveis elevados de adesão à vacinação. No entanto, em todo o mundo, muitos adolescentes não são vacinados contra o HPV. Há várias razões para isso. As vacinas podem não estar disponíveis ou os adolescentes podem ter dificuldades de acesso aos serviços de vacinação, por exemplo, devido à má qualidade dos serviços de saúde, à distância de uma unidade de saúde ou à falta de dinheiro. Alguns prestadores de cuidados e adolescentes podem não aceitar a vacinação contra o HPV.

O que pretendíamos descobrir?
Queríamos saber quais os fatores que influenciam os pontos de vista e as ações dos prestadores de cuidados e dos adolescentes em relação à vacinação contra o HPV. Estávamos interessados nos fatores que podem "aumentar" ou "reduzir" a aceitação da vacinação contra o HPV.

O que fizemos?
Procurámos estudos que explorassem os pontos de vista, as experiências e as ações dos prestadores de cuidados ou dos adolescentes em relação à vacinação contra o HPV para adolescentes, em todos os países onde a vacinação contra o HPV é administrada. Os participantes no estudo tinham de ser adolescentes ou prestadores de cuidados que fossem responsáveis por decidir se um adolescente devia ser vacinado.

O que descobrimos?
Encontrámos 206 estudos relevantes e analisámos os resultados de 71 deles. Os estudos foram realizados em todo o mundo e incluíram locais urbanos e rurais, bem como pessoas que vivem em países e comunidades com rendimentos altos, médios e baixos.

Resultados principais
Descobrimos que muitos fatores complexos podem influenciar o que os prestadores de cuidados e os adolescentes pensam sobre a vacinação contra o HPV e as ações que tomam. Dividimo-las em 8 temas.

1. Falta de conhecimentos médicos

2. Crenças e ideias sobre os riscos e benefícios da vacinação contra o HPV

3. Opiniões ou experiências sobre outras vacinas e programas de vacinação

4. O papel dos adolescentes e dos seus cuidadores primários na tomada de decisões

5. As opiniões e ações sobre a vacinação contra o HPV de outros membros da família ou de outros membros da sua comunidade social, tais como colegas, líderes tradicionais ou religiosos e os meios de comunicação social

6. Crenças sociais ou culturais mais amplas sobre a adolescência, a sexualidade, o género, a parentalidade e a saúde

7. Confiança ou desconfiança nas instituições ou pessoas associadas à vacinação, tais como professores e escolas, a indústria farmacêutica, o governo e os profissionais de saúde

8. Acesso a programas e serviços de vacinação contra o HPV e experiências com os mesmos, tais como a sua conveniência, o custo da vacina ou barreiras relacionadas com a língua.

Quais são as limitações da evidência?
A nossa confiança na evidência é maioritariamente moderada a elevada. No entanto, os métodos ou os resultados de alguns estudos não eram muito claros, e alguns centraram-se num tipo de contexto ou país, pelo que não eram potencialmente relevantes para outros contextos ou países. Todos os estudos incluídos foram publicados em inglês ou francês, pelo que podemos não ter encontrado resultados publicados noutras línguas.

Quão atualizada se encontra a evidência?
A evidência encontra-se atualizada até fevereiro de 2023.

Cooper S, Schmidt B-M, Jama NA, Ryan J, Leon N, Mavundza EJ, Burnett RJ, Tanywe AC, Wiysonge CS

Que mudanças permanentes e temporárias nos ambientes aquáticos dos mosquitos imaturos funcionam melhor para reduzir a malária nas pessoas?

1 month 4 weeks ago
Porque é que é importante reduzir a malária nas pessoas?

A malária tem um impacto muito elevado na saúde pública, sobretudo nas populações de África e da Ásia. Há muitos anos que se estudam estratégias para reduzir a malária. A maioria das estratégias centra-se na redução do número de mosquitos imaturos (larvas e pupas) para evitar que se transformem em mosquitos adultos, uma vez que é o mosquito fêmea adulto que pode propagar a malária através da picada de pessoas.

Quais são as alterações permanentes e temporárias no ambiente dos mosquitos imaturos?

Os ambientes aquáticos onde vivem os mosquitos imaturos podem ser perturbados através de alterações permanentes (modificação) e temporárias (manipulação). Exemplos de alterações permanentes incluem a construção de canais de drenagem, o nivelamento do terreno e o enchimento de valas. Exemplos de alterações temporárias incluem a alteração do fluxo de água em cursos de água, a drenagem de canais, o corte de relva, o sombreamento de plantas que utilizam água. Estas intervenções podem ser utilizadas isoladamente ou em conjunto com outros tratamentos padrão, como a aplicação regular de insecticidas nas massas de água (larvicida).

O que pretendíamos descobrir?

Queríamos descobrir que mudanças permanentes e temporárias no ambiente dos mosquitos imaturos reduzem a malária nas pessoas (resultados clínicos) e a quantidade de mosquitos imaturos e adultos (resultados entomológicos).

O que fizemos?

Procurámos estudos que analisaram alterações permanentes e temporárias no ambiente dos mosquitos imaturos, em comparação com nenhuma intervenção ou uma alteração permanente ou temporária diferente. Comparámos e resumimos os resultados dos estudos e classificámos a nossa confiança na evidência, com base em fatores como os métodos de estudo.

O que descobrimos?

A revisão incluiu 16 estudos que utilizaram uma série de diferentes desenhos de estudos aleatorizados e não aleatorizados. Onze estudos foram realizados em África e cinco na Ásia. Apenas alguns estudos relataram resultados clínicos, com a maioria a centrar-se no número de mosquitos imaturos, ou mosquitos adultos, ou ambos (resultados entomológicos). Verificámos que existe alguma evidência que apoia a utilização de alterações permanentes (modificação) e temporárias (manipulação) nos ambientes aquáticos para reduzir o número de mosquitos imaturos em ambientes específicos. No entanto, quando se analisam os resultados clínicos, 1. o efeito da manipulação do habitat na prevalência do parasita da malária e na incidência clínica da malária não é claro; 2. a prevalência do parasita da malária pode ser reduzida quando se utiliza a manipulação do habitat com larvicida; 3. a combinação da manipulação e modificação com larvicida provavelmente faz pouca ou nenhuma diferença na prevalência do parasita da malária e nos níveis de hemoglobina.

Quais são as limitações da evidência?

A revisão incluiu um vasto leque de diferentes alterações ao ambiente aquático dos mosquitos imaturos, tendo algumas delas sido combinadas com tratamentos de água (larvicida), o que significa que muito poucos estudos analisaram a mesma intervenção. Muitos dos estudos incluídos tinham problemas relacionados com a forma como foram conduzidos.

Quão atualizada se encontra esta evidência?

Esta revisão atualiza uma revisão Cochrane de 2013. A evidência encontra-se atualizada até 30 de novembro de 2021.

Martello E, Yogeswaran G, Reithinger R, Leonardi-Bee J

Administração de medicamentos antimaláricos para prevenir a malária em lactentes

1 month 4 weeks ago
Qual é o objetivo desta revisão?

Esta Revisão Cochrane teve como objetivo descobrir se a administração de doses repetidas de tratamento antimalárico a lactentes que vivem na África Subsariana pode prevenir a malária. Encontrámos e analisámos os resultados de 12 estudos relevantes realizados entre 1999 e 2013 que abordaram esta questão em lactentes (definidos como crianças pequenas com idades compreendidas entre 1 e 12 meses).

Mensagens-chave

Tratamento preventivo intermitente com sulfadoxina-pirimetamina (SP)

A administração de SP como tratamento preventivo antimalárico a lactentes reduziu provavelmente o risco de paludismo clínico, anemia e internamentos hospitalares nos países africanos que foram avaliados. No entanto, este efeito foi atenuado em estudos mais recentes.

Tratamento preventivo intermitente com terapia combinada à base de artemisinina (ACT)

A administração de ACT como tratamento antimalárico preventivo a lactentes pode reduzir o risco de paludismo clínico. Pode também reduzir a proporção de lactentes com parasitas da malária no sangue.

O que foi estudado nesta revisão?

Em zonas onde a malária é comum, os lactentes sofrem frequentemente episódios repetidos de doença da malária. Em zonas onde a transmissão da malária ocorre durante todo o ano, algumas autoridades recomendam o tratamento preventivo intermitente, que requer a administração de medicamentos a intervalos regulares (nas visitas de vacinação da criança), independentemente de a criança ter ou não sintomas de malária, para prevenir a doença da malária.

Estudámos os efeitos da IPTi com SP e outros medicamentos (incluindo ACTs) nos resultados relacionados com a malária. Os resultados da revisão incluíram malária clínica, malária grave, morte, internamento hospitalar, parasitemia, anemia, alteração do nível de hemoglobina e efeitos secundários.

Quais são os resultados principais desta revisão?

Incluímos 12 estudos que incluíram 19.098 bebés. Todos os estudos foram realizados na África subsariana (Gabão, Gana, Quénia, Mali, Moçambique, Tanzânia e Uganda). Estes estudos compararam os lactentes que receberam IPTi com os que receberam comprimidos de placebo ou nada. Os lactentes do grupo IPTi receberam diferentes medicamentos, em diferentes doses e durante diferentes períodos de tempo.

Dez estudos avaliaram a IPTi com SP de 1999 a 2013. O efeito da SP parece diminuir com o tempo, com os ensaios realizados depois de 2009 a mostrarem pouco ou nenhum efeito da intervenção. Os estudos mostram que a IPTi com SP provavelmente resultou em menos episódios de malária clínica, anemia, internamento hospitalar e parasitas no sangue sem sintomas (grau de certeza moderado da evidência). A IPTi com SP provavelmente fez pouca ou nenhuma diferença no risco de morte (evidência de qualidade moderada).

Desde 2009, alguns pequenos estudos avaliaram os medicamentos combinados à base de artemisinina e indicaram o seu impacto na malária clínica e nos parasitas do sangue. Um pequeno estudo de IPTi com dihidroartemisinina-piperaquina em 2013 mostrou uma redução de até 58% nos episódios de malária clínica (evidência de qualidade moderada) e reduções na proporção de lactentes com parasitas no sangue (evidência de qualidade moderada).

Quão atualizada se encontra esta revisão?

Os autores da revisão procuraram por estudos publicados até 3 de dezembro de 2018.

Esu EB, Oringanje C, Meremikwu MM

Controlo da malária com ivermectina

1 month 4 weeks ago
Qual é o objetivo desta revisão?

O objetivo desta revisão da Cochrane era descobrir se a administração do medicamento ivermectina a comunidades inteiras poderia reduzir a transmissão da malária. Examinámos todos os estudos relevantes para responder a esta questão e encontrámos um estudo relevante.

Mensagens-chave

Nesta altura, não é possível dizer se o tratamento de uma comunidade inteira com ivermectina reduz a malária. Estão em curso vários estudos de investigação, que esperamos venham a fornecer mais respostas no futuro.

O que foi estudado nesta revisão?

A malária é uma doença transmitida aos seres humanos através da picada de mosquitos infetados com parasitas Plasmodium . A doença provoca quase meio milhão de mortes todos os anos. A ivermectina é um medicamento que é administrado a comunidades inteiras para controlar os parasitas responsáveis pela elefantíase e pela cegueira dos rios. Foi observado que a ivermectina pode matar mosquitos quando estes se alimentam do sangue de pessoas que tomaram este medicamento. Por isso, acredita-se que ao dar este medicamento a comunidades inteiras, ele matará muitos mosquitos e poderá reduzir a transmissão da malária.

Nesta revisão, avaliámos se o tratamento de comunidades inteiras com ivermectina reduziria a transmissão da malária. Procurámos estudos de diferentes fontes e incluímos apenas estudos realizados em comunidades com malária e que atribuíram aleatoriamente grupos de pessoas à ivermectina ou a um controlo, que poderia ser um placebo ou tratamentos medicamentosos padrão da comunidade. Queríamos saber se o tratamento influenciava a ocorrência de malária na comunidade.

Quais são os resultados principais desta revisão?

Um estudo preencheu os critérios de inclusão. Este estudo incluiu oito aldeias no Burkina Faso, que foram aleatoriamente designadas para receber ivermectina ou um controlo. Todas as aldeias receberam ivermectina, como parte do controlo programado da filariose linfática. Para além disso, as aldeias tratadas receberam mais cinco doses de ivermectina, uma vez de três em três semanas. O efeito da ivermectina na malária foi medido em crianças com menos de cinco anos de idade. Nestas crianças, o tratamento não mostrou uma diferença notável na presença de malária entre os grupos de tratamento e de controlo (grau de certeza muito baixo da evidência).

Por isso, não é possível dizer nesta altura se o tratamento de comunidades inteiras com ivermectina tem um efeito na redução da malária. Estão atualmente em curso vários estudos que, segundo esperamos, fornecerão mais respostas no futuro.

Quão atualizada se encontra esta revisão?

Procurámos estudos publicados até 14 de janeiro de 2021.

de Souza DK, Thomas R, Bradley J, Leyrat C, Boakye DA, Okebe J
Checked
20 hours 6 minutes ago
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